O ano voou e já entramos em dezembro — tempo em que a atmosfera natalina se faz sentir nas ruas, nas casas, nas músicas, nas vitrines e nas emoções. Porém, apesar de todo o brilho que o comércio exala, este mês sempre nos coloca diante de uma pergunta essencial: como estamos, de fato, nos preparando para o Natal?
Essa reflexão vale não apenas para quem segue a tradição cristã ou participa das celebrações católicas do Advento, mas também para todos aqueles que, independentemente de religião, reconhecem na mensagem do Natal um convite universal à sensibilidade, ao amor, à solidariedade e à paz. Afinal, há um Natal de superfície — feito de pressa, consumo e aparência — e há um Natal profundo, silencioso, que nos chama à transformação interior.
É nesse sentido que vale a pena escutar vozes que nos ajudam a recuperar o significado mais humano e espiritual dessa época. Uma dessas vozes é a do deputado Chico Alencar, que publicou ontem, em sua página no Facebook, uma reflexão belíssima e provocadora sobre o Advento, os sinais dos tempos e o verdadeiro sentido da preparação natalina.
Sua mensagem, voltada tanto “para cristãos quanto para não cristãos”, aponta algo que muitas vezes esquecemos: preparar-se para o Natal é um exercício de sensibilidade, de atenção ao que nasce dentro de nós e ao que acontece ao nosso redor, para distinguir o essencial do supérfluo, a luz das trevas, a esperança do desânimo.
Com esse espírito, compartilho abaixo o texto "ESCUTAMOS OS SINAIS?" do deputado, que nos convida a repensar o caminho deste mês e a reencontrar um Natal mais verdadeiro, mais humano e mais transformador:
"Hoje é o primeiro domingo do Advento, tempo de preparação para a festa do Natal. Quem se prepara de fato? Como fazê-lo?
Há um Natal que a sociedade de consumo já anunciava, para criar o "espírito" das compras, dos bens materiais que nos governam. Mundo acelerado das coisas, que produz sobretudo ansiedade e frustração. AntiNatal.
O verdadeiro desafio é estar atento e vigilante, como se não houvesse amanhã (cf Mateus, 24, 37-44). O principal lugar e momento da vida é aqui e agora. Urge entender os sinais de Quem está sempre vindo, para renovar a face da Terra.
Trata-se de ter olhos, ouvidos, razão e coração para distinguir o essencial do supérfluo.
Os sinais estão aí, de luz ou de trevas. Podem ser do dilúvio que tudo arrasta, nesses tempos de colapso climático (e, entre nós, de aval irresponsável à devastação) ou de bendita água brotando, que impede a desertificação.
Podem ser de matança, armamentismo, guerras de dominação. Ou de construção de um caminho de paz, rumo ao tempo da delicadeza.
Há sinais persistentes de ódio, misoginia, preconceitos reiterados, mas também há sinais luminosos de fraternura, respeito, beleza e serenidade.
Há sinais de doença e sofrimento, em meio aos do que é saudável e dá alento.
Nesse domingo há sinais litúrgicos bonitos: a coroa de velas do Advento começa a ser formada. A primeira a ser acesa, nesse 2025, é de cor verde, símbolo da Esperança.
Assim a árvore, montada ou iluminada também hoje - irmã que nos dá sombra, folhas e frutos. Assim o presépio, com seus muitos elementos - animais, vegetais e minerais - para acolher, na simplicidade, o humano Sem Teto e Sem Terra, mas pleno de Amor.
Chegou o tempo do Natal: com alma e calma, estejamos atentos para escutar os seus sinais. Tem dor, que nos abate e desvia, mas há vereda de alegria!"
Que a reflexão de Chico Alencar nos inspire a reencontrar o Natal que nasce dentro, e não apenas aquele que enfeita por fora. Preparar-se para essa data é cultivar sensibilidade — a mesma sensibilidade que, segundo a tradição, levou os Magos do Oriente a perceberem algo incomum no céu. Eles viram uma estrela diferente e, movidos por um pressentimento profundo, caminharam centenas de quilômetros até Belém. Não por obrigação, mas por atenção ao mistério, por abertura ao novo que nascia no mundo.
Assim também deve ser conosco: perceber os sinais discretos, escutar o que o coração aponta, permitir que a esperança nos mova.
Que este dezembro seja mais do que correria e consumo — que seja caminho, luz e descoberta.
Que cada um, à sua maneira, encontre a estrela que o conduz ao essencial.
📷: Sites Idemais e Autoinforme, conforme consta na postagem original do autor no Facebook


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