A Quaresma para um cristão não católico mas que busca ter a mente aberta...

 



Lendo hoje a postagem de um irmão católico que fala da Quaresma, compartilhei na área de comentários que o nosso religare, independente da crença de cada um, pode subsistir no período do Carnaval sendo que a tradição das Cinzas, como bem ele bem explicou em seu post, nos faz lembrar da nossa finitude e que ao pó um dia tornaremos. 


Confesso que tal simbologia trás para a minha significação pessoal um sentimento de felicidade e de alegria, apesar de nunca haver tomado parte no ritual das Cinzas, por não seguir o catolicismo. Aliás, embora tenha feito a Primeira Comunhão aos 10 anos, nunca fui frequentador das missas sendo que, quatro anos mais tarde, passei a me congregar em igrejas evangélicas.


Entretanto, posso dizer que não me entristece o fim do Carnaval, ainda que a festa aqui em Mangaratiba fosse sossegada e sem o infernal barulho, como eu gostaria, pensando na minha tranquilidade. Tudo para mim tem o seu momento próprio e considero que a diversão não deveria ser entendida como algo profano, nem precisaria haver os exageros que algumas pessoas cometem, tipo os excessos de bebida, drogas, promiscuidade sexual com o risco de pegarem doenças, ou atos de violência.


No meio evangélico, a maioria das igrejas prefere demonizar o Carnaval, o que não concordo porque acaba sendo um assassinato cultural. Já meus irmãos católicos parecem conviver melhor com essa festa popular e celebram algo que é a Quaresma, seguindo tradições pós-bíblicas surgidas na história eclesiástica, por volta do século IV da era comum.


Pois bem. Apesar desse período que antecede a Páscoa não ser vivenciado da mesma maneira por todos os cristãos (uma parte dos evangélicos nem sabe de maneira exata do que se trata), tal preparação contribui para tornar as celebrações da denominada "Semana Santa" ainda mais especial. Isto porque, independente dos jejuns, das penitências e das ações de caridade promovidas no meio católico, há um direcionamento constante nas missas para os eventos da morte e da ressurreição de Jesus, fazendo com que a espera pelos dias sagrados seja acompanhada de reflexões.


Ora, se lembrarmos das narrativas dos Evangelhos, sobretudo nos relatos de Lucas, recordaremos da última viagem empreendida por Jesus com seus discípulos, subindo da Galiléia, região onde exerceu a maior parte do seu ministério, até Jerusalém, cidade onde foi julgado, condenado e martirizado. Logo, o período quaresmal é de certo modo uma caminhada de aprendizado com o Mestre e com a coletividade de irmãos, principalmente aqueles com os quais convivemos. 


Num momento tão difícil vivido pela humanidade que ainda sofre dos diversos efeitos decorrentes da pandemia, acompanhando também uma guerra fratricida entre Ucrânia e Rússia, com o fundado risco de virar um amplo conflito global, os valores ensinados por Jesus poderiam ser melhor interiorizados no decorrer das próximas semanas. E, diante das frequentes tragédias climáticas que temos presenciado no nosso país, as quais têm sido cada vez mais intensas, com a recente destruição da cidade de São Sebastião pelas chuvas torrenciais ocorridas no Carnaval, deixando um rastro de mortos, feridos e desabrigados, que tal nós brasileiros nos unirmos para ajudar essas famílias?


Evitando me alongar tanto, deixo aqui a reflexão para que os cristãos do nosso país sejam mais abertos, unidos e solidários, independente das diferenças entre as denominações eclesiásticas de cada grupo, sendo fundamental somarmos também com as pessoas de outras religiões e até com quem não professa nenhum credo específico para colocarmos em prática o mandamento máximo do AMOR.


Que vivamos semanas de proveitosas elevações éticas nos planos pessoal e coletivo! Tenham uma quarta-feira de muita luz!

Comentários

  1. Sua postagem é um farol de brilho! Esclarecedora, bem elaborada e verdadeiramente valiosa. Obrigado por compartilhar sua perspectiva conosco.

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    1. Oi, Jule. Obrigado pela leitura e comentários. Participe sempre que desejar.

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