Cristianismo em decadência.







Em 1900, 0 secretário geral da sociedade missionária norueguesa, Lars Dahle, considerou que todas as religiões fora o cristianismo, estavam moribundas, e que todas elas iriam desaparecer em breve. Com base em cálculos matemáticos, ele pôde predizer calmamente que, por volta de 1990, toda a raça humana teria sido conquistada pelo cristianismo.
 
Outro a fazer vaticínio semelhante foi o fundador da sistemática missiologia e renomado teólogo, Gustav Werneck. Em seus estudos ele fez uma distinção entre um fundamento “sobrenatural” e um “natural” para missão. No tocante ao primeiro, ele identificou dois elementos: a missão está fundamentada na escritura, particularmente na grande comissão de Mateus 28, e na natureza monoteísta da fé cristã. 

Igualmente importantes são as bases “naturais” para a missão. Daí ele colocou:

a, O caráter absoluto e a superioridade da religião cristã em comparação as outras;
b, a aceitabilidade e adaptabilidade do cristianismo para todos os povos e condições;
c, as realizações superiores da missão cristã nos campos de missão;
d, o fato de que o cristianismo tem mostrado, no passado e no presente, ser mais forte do que todas as outras religiões.

E com estas constatações, segundo ele era fácil prever que no decorrer do século XX o cristianismo iria dominar o mundo.

Ledo engano! Sabemos que definitivamente eles não estavam com a razão, visto que o cristianismo está perdendo terreno para outras religiões, sobretudo para o islamismo. 

A Europa presencia o fenômeno da descristianização e os EUA tem uma cristandade dominada pela anomia religiosa.

Em terras tupiniquins, o catolicismo é um dinossauro teimoso ao impor sua moral impraticável. O evangelicalismo é uma caricatura da essência da mensagem de Cristo.

O pentecostalismo, que a princípio parecia ser a salvação da falência iminente, até que deu uma sacudida na fé cambaleante dos cristãos. Mas um movimento carregado de misticismos malucos e dominado pelo anti-intelectualismo, só poderia produzir algo pior, isto é, o neo-pentecostalismo.

Num século marcado pelo pensamento livre, no campo das religiões não será o mais forte que sobreviverá. Mas sim o mais inteligente.


Donizete

Comentários

  1. Já li esse seu texto antes, não é? O mais inteligente é o homem que mesmo em sua ignorância consegue manipular o que crê para caber no seu mundo. Certo?
    Abraços!!

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  2. Já li esse seu texto antes, não é? O mais inteligente é o homem que mesmo em sua ignorância consegue manipular o que crê para caber no seu mundo. Certo?
    Abraços!!

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  3. Edu, tomei a liberdade de modificar o modo de comentário para janela pop up para que eu pudesse comentar, de outro modo eu não conseguia. Valeu!!

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  4. Mari, aqui você manda; se quiser sumir com os comentários, fique também a vontade....kkkkkkkkkkk

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  5. Quando eu ainda de boa vontade, frequentava a EBD da igreja batista que eu era membro (tecnicamente ainda sou, não pedi minha exclusão), eu disse exatamente isso na turma: "o cristianismo está falido"

    Foi um auê!!!!

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  6. Lógico Doni, eles se basearam em especulações, a própria Bíblia nos mostra o contrário.

    Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?

    Só não entendo a questão de que a inteligência seja uma possessão dos ateus. ´Não se pode ignorar os inúmeros intelectos brilhantes, que são cristãos firmes.

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  7. Olá, Doni.

    Creio que sejam os modelos ultrapassados de cristianismo que estão em decadência.

    O Gustav Werneck que você citou até que disse algo bem interessante nesta constatação:

    "a aceitabilidade e adaptabilidade do cristianismo para todos os povos e condições"

    Será que o atual modelo de cristianismo é mesmo algo tão adaptável para ser aceito por todos? Ou a esmagadora maioria de igrejas não passam de seitas que se julgam donas da verdade?

    Penso que, nas suas origens, considerando que a mensagem do Evangelho tenha se iniciado com as tradições apostólicas vindas da Palestina, foi necessário que o cristianismo vencesse as tentações judaizantes e germinasse no solo da cultura grego-romana. Mitos grego e a própria filosofia de Platão e de Aristóteles passaram a fazer parte da Igreja gentílica que foi se formando no século II.

    Infelizmente, parece que o cristianismo acabou perdendo essa característica de se mesclar com as culturas. As missões nos últimos séculos muitas das vezes foram colaboradoras da colonização dos povos dominados e, mais recentemente, no século XX, de mudar os costumes para a formação de novas sociedades de consumo (eis aí uma das tarefas da IURD e da IMPD na África).

    Ora, como os próprios europeus que pensam poderão continuar seguindo a religião de origem assistindo a tantas absurdidades?

    Entretanto, o anseio espiritual do homem permanece e basta que encontremos o discurso certeiro. Ou melhor, que primeiro a Igreja volte ao rumo certo e à simplicidade da mensagem de Cristo despindo-se de sua arrogância proselitista.

    Paz!

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  8. Rodrigo,você toca em um assunto interessante:

    " foi necessário que o cristianismo vencesse as tentações judaizantes e germinasse no solo da cultura grego-romana..."

    por que o cristianismo teve que vencer as tentações judaizantes se a mensagem que lhe deu origem era judaico?

    Ou então, como querem alguns, o cristianismo de fato jamais teve qualquer contato com a cultura judaica, e já nasceu grego com alguns pontos judaicos.

    Esse é um nó difícil de ser desatado, não acha?



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    1. Caro Edu,

      Sinceramente não vejo lógica em alguém afirmar que não houve qualquer contato com a cultura judaica. A não ser se você considerar que o cristianismo do primeiro século não existiu e não identificá-lo com o movimento messiânico de Jesus e dos primeiros apóstolos.

      Consideremos primeiramente como hipótese a versão oficial. Se as tradições apostólicas originaram-se na Palestina, como os primeiros missionários vindos de lá tiveram que se comportar diante dos povos de cultura grega por eles evangelizados. Além na necessidade de falarem o idioma grego, precisaram transmitir a mensagem dentro da cosmovisão helenista que predominava nas regiões do Egito e da Península Anatólia. Do contrário, não seriam aceitos. Daí o livro de Atos nos informar que Paulo costumava entrar muito nas sinagogas e atrair a atenção dos prosélitos que eram gentios seguidores do judaísmo.

      Agora respondendo a sua pergunta, vencer essas tentações judaizantes seria necessário para quem era judeu pregava as boas novas do Evangelho. Analogamente, não foi o que aconteceu com Pedro, segundo Atos, quando resistiu ir à casa de Cornélio até que tivesse a visão dos animais impuros e o Espírito Santo falasse com ele?

      Acredito que, no século II, já não tínhamos mais nenhum apóstolo vivo e a Igreja, sendo já predominantemente gentílica, já não guardava mais nenhuma identificação com o judaísmo. As fontes orais sobre Jesus e o ensino apostólico já não deveriam mais ser suficientes. A religião evoluiu combinando o que tinha recebido do messianismo judaico com a filosofia grega.

      Não importa como surgiu o cristianismo, o certo é que ele não existira sem o judaísmo. Que ele tenha sido uma antítese, pensado dialeticamente, esta não existe sem a tese. Daí o cristianismo foi no mínimo uma reação ao proselitismo judaico praticado nas sinagogas da diáspora. Aí, considerando esta outra hipótese, os pregadores da nova religião não teriam nada de judaizantes, mas, evidentemente, tiveram um contato com o judaísmo.

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  9. Gui, creio que quando o Doni escreveu que

    "Num século marcado pelo pensamento livre, no campo das religiões não será o mais forte que sobreviverá. Mas sim o mais inteligente"

    ele não estava dizendo que não há cristãos inteligentes, e sim, que, o cristianismo enquanto um sistema de crenças religiosas precisaria reformar o seu próprio pensamento para que volte a ser relevante num cenário onde o pensamento livre e questionador imperam - como no caso da Europa.

    Até mesmo pessoas muito inteligentes podem acreditar em coisas muito questionáveis.

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    1. Edu


      Na minha opinião, não sobreviverá o mais inteligente, e sim o mais ASTUTO. (rsrs)

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  10. Edu, Como sempre você amenizando kkkkkkkkkkkkk Eu já li tanto sobre a pobreza de inteligência dos evangélicos, que penso que falta aos que assim pensam, conhecerem melhor o mundo evangélico.

    Mas Doninho, você também é meu mestre viu? Só não quero que você abandone Deus. Eu choraria por toda a vida rsrs

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  11. Gui,


    Pensei na inteligência como adaptabilidade considerada por Darwin como sendo a chave da sobrevivência. Jamais desmerecendo A ou B. rsrs

    Outra coisa, Essa constatação não é feita por ateus ou para a felicidade dos ateus. São apenas números que atestam a honestidade de muitos que apontaram para um declínio do cristianismo se acaso não se reciclasse, fizesse revisão de seus métodos e estratégias.

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  12. Jamais farei isso Gui! rsrs

    A propósito Gui e confrades, Harold Bloom, grande crítico literário, disse que nas entrelinhas do AT, javé exige uma quantidade exagerada de amor. a questão que isto, é um estigma frequente dos maus pais. Pois os bons não exigem, conquistam. nesse detalhe da pessoalidade de Deus vemos o dedo dos homens. rsrs

    Mas faço minhas as palavras de Baruch Spinoza: "É preciso aprender amar a Deus sem esperar que ele nos ame em retribuição".

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  13. Seu diagnóstico foi preciso Rodrigo.

    Reinvenção seria a palavra chave para o cristianismo começar a ser visto com outros olhos.

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    1. Pois é, Doni.

      Se hoje estamos tendo esta visão, está sobre nossos ombros a tarefa de promovermos a transformação da Igreja combinando o velho com o novo como um bom escriba. Claro que sei colocar o vinho novo nos odres velhos.

      A Igreja como assembleia dos que seguem a Cristo precisa continuar existindo e nós não temos como deixarmos de pertencer à cultura cristã na qual fomos formados. Fugir dela é fugir de nós mesmos. É negar nossa própria identidade, origens e aprendizado.

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  14. O problema que a petição "Doni, não abandone Deus" produz é saber qual Deus o Doni não estaria disposto a abandonar...

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  15. Levi,

    olhando pelo lado darwinista da coisa, parece que os que sobreviverão não serão só os mais espertos, e sim, os que se adaptarem melhor às novas mudanças ambientais...rss

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  16. Nobres Amigos Confrades,

    Sem uma reciclagem, sem uma intervenção doutrinária (me chamem de louco) o cristianismo no que diz respeito a "instituição" irá minguar, pois o cristianismo no ponto de vista espiritual, ao meu ver já esta em estado crítico se analisado pelos moldes atuais. Ou se recicla, ou a morte será inevitável. O problema será os 'mortos-vivos", que insistirão nesta tecla de que ele nunca "morrerá". Uma mera ilusão. O cristianismo da forma como esta se tornou a maior arma na guerra contra a realidade.

    Eu poderia aqui parafrasear um texto meu lá do Boteco sobre religião, alterando a palavra religião do texto, pela "cristianismo", e penso eu que o texto e a ideia se encaixam perfeitamente, vejam este pequeno fragmento abaixo:

    "A religião (CRISTIANISMO), como sistema atua como principal mecanismo de fuga daquilo que realmente é a nossa realidade, pois nós como seres humanos, quando estamos entregues a religião(CRISTIANISMO), transferimos todas as nossas responsabilidades para ela, independente do credo, seja cristão, muçulmano, kardecista, hinduista ou qualquer outro, nós passamos a apoiar todas as nossas ações naquela que denominamos a nossa religião (CRISTIANISMO), criamos um sub mundo supostamente “espiritual”, e passamos a lutar e fugir com muito empenho do que seja de fato a nossa vida, o que na verdade é mais cômodo, é muito mais tranqüilo, é mais prático e confortável se adequar a um determinado conto cultural do que enfrentar a realidade de frente. Heinrich Heine, ao escrever seu ensaio sobre Ludwig Börne, ele afirma, “Bendita seja uma religião (CRISTIANISMO), que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança.” Nesta linha de raciocínio, partindo desta idéia mencionada por Heine, realmente a religião(CRISTIANISMO)pode amenizar por um determinado tempo muitas das situações que a vida nos propõe enfrentar, mas nunca nos tornará isentos de enfrentar os percalços e intempéries da vida. A idéia religiosa que promete hoje uma vida de sucesso e felicidade, é facilmente desmentida pelo Mestre Jesus, quando afirma aos seus seguidores que estes, “teriam muitas aflições”, João 16.33."
    (FRAGMENTO DO TEXTO FACES DA RELIGIÃO I, BLOG FILOSOFIA DE BOTECO)

    Esta mais do que na hora de sermos sensatos, crentes ou não. Estamos falando de um instituição ou crença (conforme seja a visão dos amigos) falida, que vai capengando dia após dia.

    Vivemos um período respaldado pelo slogam da Globo parafraseado a cultura cristã, "tente, invente, faça um cristo diferente". E nesta onda, muitas são as aberrações que surgem, acabando com a ideia de um cristianismo coerente com aquilo que nos ensina a história do Cristo.

    Um legítimo "salve-se quem puder", onde nem o tolo e nem o astuto, nem o fraco e nem o forte esta imune de nada.

    Fraterno abraço.

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    1. Prezado Matheus,

      Tenho a ideia de que não era para o cristianismo ter se tornado mais uma religião no planeta, mas sim um movimento dentro das sociedades e culturas.

      O cristianismo como religião está indo à falência num mundo que e global, científico e em permanentes mutações. Mas como um movimento vivo, como o Corpo de Cristo que age no planeta, a Igreja é capaz de promover grandes mudanças, expulsando de seu organismo o que há de ruim. Uma ação doentia já não pode ser feita pelo Corpo de Cristo que é são. Então que Igreja é esta que peca? Mas como certa vez ouvi numa pregação há quase oito anos, há uma "Igreja entro da igreja".

      Abraços.

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    2. Com certeza, e esta igreja é visível aos olhos do próprio Cristo.

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  17. Nobre Amigo Rodrigo,

    Se analisar tendo como premissa o "Cristo", sua afirmação exposta como ideia, "não era para o cristianismo ter se tornado mais uma religião no planeta, mas sim um movimento dentro das sociedades e culturas" faz todo sentido. Até mesmo porque em nenhum momento ele falou, intentou, sequer deu a entender que esse era o seu objetivo. Mas, infelizmente, todo o seu ensino, sua história e seu legado que definimos por "cristianismo" ficou a mercê de homens, e a própria escritura que da respaldo a tudo isso trás uma máxima a ser observada, "Enganoso é o coração do homem. Quem o conhecerá?". O cristianismo como religião, é uma construção humana, tendo objetivos e metas desde que foi de fato instaurado lá pelo terceiro século. Uma construção com sérios problemas desde sua base, sua fundação, o que ocasionou neste grande "edifício em ruínas".

    Agora em relação a sua afirmação, "há uma Igreja entro da igreja", me pergunto: "Até quando?". Por isso, falo em reciclagem, principalmente doutrinária, pois o que temos como doutrina nas principais instituições é uma afronta ao legado do Cristo.

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    1. Sem querer que nos percamos debatendo a história do cristianismo já que temos aí preocupações bem práticas na atualidade, mesmo assim vejo uma razão bem interessante para examinar o NT. Observe, Matheus, que todos os evangelhos mencionam Jesus frequentando as sinagogas de sua época, indo a Jerusalém nas festas do seu povo e não se omitindo diante dos equívocos cometidos pelos líderes do judaísmo (sacerdotes e fariseus). Possivelmente ele até viesse de uma família de fariseus e tinha até uma identificação doutrinária com esta facção no que diz respeito à crença na ressurreição. Porém, foi capaz de divergir das práticas hipócritas dos religiosos a ponto de sofrer perseguições.

      Em algum momento Jesus disse "não sou mais judeu e não quero nada mais com a sinagoga"? De jeito nenhum! Antes ele recebeu os convites para ir na casa dos fariseus e entrou nas sinagogas deles para pregar e curar os enfermos. E levou chumbo grosso porn causa do seu amor pelas "ovelhas perdidas da casa de Israel" desprezadas pelos religiosos.

      Pois bem. Tempos depois os padres criaram o cristianismo religioso e que foi uma espécie de "judaísmo grego" como certa vez disse o Ivani, autor de um dos textos que já publiquei nesta confraria. A Igreja institucionalizou-se, passou a ter sacerdotes e até um chefe de Estado chamado papa. E aí sua pergunta de "até quando" teremos uma Igreja dentro da igreja talvez possa ser respondida pelo que se passou e se passa até hoje com a história eclesiástica. Por exemplo, veja como Francisco de Assis suportou as perseguições na Idade Média pela causa dos pobres. E, na América Latina, como que os grupos da Teologia da Libertação conseguiram resistir apesar do "cale-se" da cúpula romana e dos governos militares passados?

      E o protestantismo? Lutero, Calvino e os ingleses não saíram de uma igreja para fundarem outras? Por acaso conseguiram romper com o sistema do qual faziam parte? Pois eu digo que os evangélicos são meros católicos apostólicos protestantes. Só não se sujeitam ao patriarcado de Roma!

      Por essas e outras, acho difícil que a Igreja consiga ficar totalmente livre da igreja. Isto me lembra a parábola do joio e do trigo contada por Jesus. E, enquanto a igreja será sempre esse edifício em ruínas, a Igreja (com "i" maiúsculo) não deixará de existir como o novo, o corpo de Cristo agindo na Terra.

      Paz!

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    2. De pé para os aplausos. Você tem que permanecer conosco Rodrigão.

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  18. Nobre Amigo Rodrigo,

    Primeiramente, parabéns pela seu belo exemplo de esperança ao se referir a igreja do "I" maiusculo. Talvez esta esperança me falte.

    Concordo com toda a argumentação histórica da qual fez uso. Mas não consigo contextualizar ela ao nosso tempo, e as aberrações e transformações que sofreu o cristianismo institucional, gerando consequências e influenciando o cristianismo da igreja com "I" maiusculo. E não consigo desvincular com facilidade essa coisa de igrejas e igrejas. Ao meu ver, é um todo, completamente dividido por ideias que surgiram por meio de interesses através das eras. Desde o judaísmo das épocas de Jesus, o clero católico, o protestantismo, e por aí vai... Talvez me falte um pouco desta porção de fé da qual faz uso.

    Fraterno abraço.

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    1. Olá, Matheus.

      Não alimento ilusões acerca do comportamento humano e a Igreja sempre será feita deste material corruptível que somos nós e do mover do Espírito Santo. Este é o Ser incorruptível porque é o Espírito do próprio Deus.

      Resumindo o que colocou, a pergunta seria se vai dar para a Igreja com "I" maiúsculo, aquela assembleia movida pelo Espírito, continuar no institucionalismo. Não seria isto?

      Bem, eu acho muito difícil nos divorciarmos desse instrumento jurídico, a não ser que você deixe de se organizar. Se o crente decide sair de uma instituição corrompida e não aceita permanecer no isolamento, ele acabará formando um grupo e daí, com o desenvolvimento dos trabalhos, precisará do estabelecimento de regras, utilizar um espaço, ter um endereço, inscrever-se no CNPJ do Ministério da Fazenda, eleger um responsável, etc. E, indo mais adiante, ele e seu grupo precisarão vigiar bastante para não caírem nos mesmos erros praticados pelas demais instituições que os antecederam. E também não conseguirão se fechar totalmente em relação ao resto do mundo religioso e institucionalizado.

      Por outro lado, se tal crente isolar-se deixando de procurar outros irmãos para juntos conviverem, compartilhaando seus problemas e experiências, não conseguirá construir nada por mais que seus pensamentos estejam bem ativos e refletindo acerca da humanidade. E tal como ele, assim viveram muitos artistas, filósofos e intelectuais que se fecharam. O talento deixa de ser potencializado pela falta do grupo. Daí eu ver conexão com a mensagem atribuída a Jesus que diz:

      “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre vós” (Mt 18:20)

      É certo que essa reunião não depende de templos, autoridade pastoral, CNPJ, etc. Porém, o projeto de Igreja é algo que devemos viver coletivamente, não em separado. Pois, somente estando juntos e com unidade de propósito é que poderemos praticar ações com efeito de construção do Reino de Deus na Terra. Sem o irmão até podemos fazer alguns atos, mas, ao que me parece, sem uma continuidade promovida pelo grupo.

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  19. Belo debate entre Rodrigo e Matheus!

    mas deixa eu perguntar uma coisa aos dois: existe de fato essa "igreja dentro da igreja" que seria diferente da igreja maior? afinal de contas, quem seriam os indivíduos que formariam esse igreja "escondida"? quais suas características? o que os tornariam merecedores de serem Igreja? parece-me que tal igreja "invisível" é de fato invisível por não existir.

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    1. Caro Edu,

      Vou, momentaneamente, deixar um pouco a teoria e mostrar um pouco do lado prático.

      Hoje escrevi no meu blogue sobre a problemática do crack e mencionei, no final do artigo, sobre os trabalhos feitos por uma igreja batista em S. Paulo que já recuperou inúmeros viciados. Veja esta matéria que saiu no começo do ano no Jornal Nacional sendo que depois o Globo Repórter noticiou novamente:

      http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/01/lugar-conhecido-como-cristolandia-ajuda-na-recuperacao-de-dependentes-de-crack-em-sp.html

      Pois é, mano. Quer tenhamos críticas à Igreja, ou às igrejas, os frutos estão surgindo. E muitas das vezes através dos que menos se importam com tantas teorias e questionamentos da fé!

      Você falou na palavra "merecedores", mas eu não creio que os membros da Igreja de Cristo sejam pessoas com méritos. Antes elas foram aceitas incondicionalmente pelo amor divino.

      Mas certamente que um trabalho como este em SP tem um diferencial para a grande maioria das congregações nas quais tem faltado mais visão de Reino de Deus e mais comprometimento com a obra.

      Acho que de alguma maneira respondi suas perguntas.

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  20. Proponho aqui uma reflexão:

    Será que todo o edifício estaria mesmo em ruínas?

    De qual edifício ou parte dele estamos falando afinal?

    Pois quando vejo igrejas e ministérios desenvolvendo trabalhos tão interessantes, amando vidas, recuperando viciados, amparando pessoas deprimidas e que antes pensavam em se matar, ou trabalhando com portadores de deficiências, veja que ainda existe Igreja.

    Na resposta que dei ao Eduardo, logo acima, mencionei o trabalho de um ministério batista que tem recuperado usuários do crack na cidade de São Paulo, criando as cristolândias.

    Pois bem. Se eu fosse virar membro de uma igreja dessas, embora pudesse ter alguns problemas quanto às questões de doutrina, uma vez que sigo uma interpretação mais relativista e liberal das Escrituras, seria forçado a reconhecer que, apesar de tudo, estão amando o próximo e tirando almas desse verdadeiro inferno que é o mundo das drogas.

    Do que me serve as minhas teologias nessas horas? Do que também adianta um cristão muito jejuar, viver longe das tentações do mundo confinando num mosteiro, ficar cantando inúmeros louvores, passar horas em oração falando em línguas, ter experiências sobrenaturais, conhecimento teórico, discernimento ético, esclarecimento e outras coisas mais se o outro, com muito menos dons, é capaz de amar o seu semelhante?

    Para não fazer uma conclusão emotiva, a ponto de dizer que nossas reflexões não teriam proveito algum, digo que falta à Igreja avançar em ações e também no ministério do esclarecimento. Porém, é o amor que deve nos motivar e fundamentar as condutas. Pois, se não faltar o amor, o edifício se mantém firme.

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  21. Rodrigão é a I Igreja Batista de S.Paulo, pastoreada pelo Pr. Irland Pereira Azevedo. Ele e sua esposa passaram dramas terríveis com um dos filhos, o Daniel que se envolveu com drogas. Após ser ajudado pela Missão Peniel, foi recuperado, faz muitos anos. Hoje ele é pastor, casado, pai. Trabalhamos juntos na Missão Peniel.
    Esta igreja se envolveu com Peniel e foi de grande ajuda, hoje, ela faz seu trabalho maravilhosamente bem.

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