Imaginem um mundo sem religião...







"Hipoteticamente falando, o mundo sem religião seria melhor ou pior do que este em que vivemos?"




Por  Ebenézer Teles Borges


A frase acima, usada como título para esse texto, é de autoria do cantor e compositor John Lennon e é citada por a Richard Dawkins no documentário "A raiz de todo mal" e no livro "Deus um delírio", nos quais ele argumenta com fervor e eloqüência em defesa de um mundo sem ataques suicidas, sem o 11 de setembro, sem o Talibã, sem as infindáveis guerras entre judeus e palestinos, sem muçulmanos, sem cristãos, enfim, um mundo sem religião. Você é capaz de imaginar como seria esse mundo? Eu bem que tentei imaginá-lo, mas me esbarrei em algumas limitações.

Até onde consegui pesquisar, não se tem conhecimento de nenhuma cultura que seja estruturalmente não religiosa ou atéia. Com efeito, ao longo dos séculos, o ateísmo foi sempre um fenômeno escasso, minoritário, periférico. Imaginar um mundo sem religião estando inserido em um mundo essencialmente religioso requer muita abstração e criatividade, a menos que tomemos um atalho e peguemos o nosso mundo, tal qual é, e simplesmente removamos a religião dele. Essa atitude, contudo, não me parece ser a forma mais honesta de lidar com a questão, mas foi o que eu fiz (e penso que seja o que muitos façam) ao aceitar o desafio de John Lennon em sua música "Imagine".

Para muitos, o mundo seria melhor se não houvesse religião. Alguns, pela forma como se colocam, parecem ter certeza disso. Sinceramente, não sei como chegaram a essa conclusão, mas não quero aqui polemizar sobre o que me parece ser resultado de escolhas pessoais. Quanto a mim (e aqui exponho tão somente meu ponto de vista numa reflexão sabática despretensiosa), estou inclinado a crer que a religião não seja a raiz de todo o mal, porque, para mim, religião não é "causa" e sim "efeito". Conseqüentemente, sua remoção não seria suficiente para o estabelecimento de um mundo novo e melhor, já que a verdadeira causa permaneceria.

É fato inegável que sempre houve atritos, conflitos e guerras baseados em princípios religiosos. Reconheço que, em nome de Deus muitas atrocidades foram cometidas. Lembro-me agora, para citar um exemplo, das Cruzadas que, sob o pretexto de reconquistar a cidade de Jerusalém – local sagrado para os cristãos – legitimou crueldades, saques, destruições e mortes, deixando um rastro de sangue ao longo de quase dois séculos de história (1096-1272). E tudo isso conduzido sob as bênçãos da igreja e, supostamente, com a aprovação do "Senhor dos exércitos, o Deus de Israel". Confesso-lhes que, ao refletir sobre esse capítulo sombrio de nossa história, sinto-me propenso a pensar que o mundo sem religião seria melhor que este em que vivemos.

Por outro lado, admito a existência de um outro lado da experiência religiosa que me faz hesitar em colocá-la no cadafalso. São casos como o do quase desconhecido frade franciscano Maximiliano Kolbe, que se voluntariou para morrer em lugar de um pai de família no campo de concentração nazista de Auschwitz. Durante a segunda guerra mundial ele abrigou muitos refugiados, incluindo aí dois mil judeus. Relatos como esse me comovem!

A religião, no entender de especialistas, é um fenômeno "polissêmico". O que isso significa? Essa palavra, pouco usada em nosso dia-a-dia, deriva do grego "poli" (muitos) e "sema"(significado) e é empregada pelos estudiosos da religião para dizer que ela é um signo aberto, que pode assumir significados diversos de acordo com o contexto e ser usada para praticamente tudo. Em nome da religião estimulou-se a inquisição e a caça às bruxas; em nome da religião promoveu-se a arte e a poesia. Em nome da religião se mata; em nome da religião se salva. Em nome da religião, tudo pode ser justificado. É isso que os especialistas querem dizer quando se referem a ela como "polissêmica".


"Em nome da religião estimulou-se a inquisição e a caça às bruxas; em nome da religião promoveu-se a arte e a poesia."



Quando analisamos os textos sagrados nos quais as religiões se alimentam, fica mais fácil entender esse comportamento metamórfico que as caracteriza. Tomemos o cristianismo como exemplo, apenas por ser essa a religião com a qual temos maior afinidade. Em certa ocasião, Jesus disse que não veio ao mundo para trazer paz e sim espada (leiam em S. Mateus 10:34-36). Em outro momento ele afirma o contrário. Diz ele: "bem-aventurado os pacificadores" (leiam em S. Mateus 5:9). Afirmações como essas, aparentemente conflitantes e incoerentes, abrem margem para interpretações dúbias, divergentes, contraditórias, antagônicas. Qualquer um pode se sentir no direito de invocá-las ou interpretá-las em benefício próprio ou conforme a conveniência do momento, justificando assim tanto a guerra (por motivos "nobres", sempre) quanto a paz. Atualmente, presenciamos uma explosão de novas denominações religiosas cristãs, cada uma com suas singularidades e incongruências e todas ancoradas no mesmo texto sagrado. A natureza polissêmica desse texto sagrado favorece (e até justifica) esse fenômeno bizarro.

Com base no que foi colocado até aqui, parece-me razoável presumir que a religião, por ser polissêmica, isto é, aberta e sujeita a interpretações circunstanciais e influências pessoais, pode ser usada (e de fato tem sido usada) para apoiar movimentos que promovem tanto a paz quanto a guerra, tanto a concórdia quanto o conflito, tanto a vida quanto a morte. Ora, isso me leva a concluir que a religião em si não passa de um instrumento, que pode ser usado (e de fato o é) de acordo com a habilidade de quem o domina. E em sendo um instrumento, então não pode ser "a causa" do bem ou do mal, porque não há intenção em um instrumento.

Se me permitem a comparação, o mesmo pode ser dito a respeito da ciência. Ela também é um instrumento, uma ferramenta e, como tal, seu propósito é o propósito de quem a utiliza. Há quem faça bom uso da ciência, mas há também quem não o faça. Após a segunda guerra mundial, muitos se perguntavam se ainda era possível acreditar em Deus depois de Auschwitz. Por outro lado, outros também se questionam se ainda era possível acreditar na ciência depois de Hiroshima.

Não sei se estou conseguindo ser claro, mas o que estou tentando dizer é que, assim como a ciência, a religião não deve ser tomada como a "causa" de certos males que afetam nosso mundo e concluir que, sem ela, estaríamos mais próximos do paraíso terrestre. Isso porque, no meu entender, a verdadeira causa de tais males precede a própria manifestação religiosa.

Evidentemente, o que expus aqui é apenas o "meu" ponto de vista atual. Sei que muitos discordariam dele se porventura viessem a ler o que acabo de escrever. Por isso e de antemão, registro aqui meu sincero respeito e apreciação por essas opiniões contrárias. Contudo, reafirmo o que disse e que resumo da seguinte forma:

(1) O sentimento religioso é inerente ao ser humano. Conforme disse antes, não se tem conhecimento de qualquer cultura que seja estruturalmente não religiosa ou atéia. Em sendo assim, não consigo imaginar como seria um mundo sem religião, a menos que imagine um mundo sem seres humanos. Se a religião não existisse, nós a inventaríamos, talvez com outro nome, mas com essência semelhante.

(2) Entendo que os problemas que existem na sociedade são decorrentes da natureza humana. Somos seres belicosos, sedentos de poder e essencialmente egoístas. A própria sociedade (que também é uma invenção humana) se apóia nesse nosso egoísmo(aprendemos com o tempo a impor limites a esse egoísmo em troca de um bem maior). Em sendo isso verdade, então, com religião ou sem religião, continuaríamos a ser o que somos: egoístas, violentos e ávidos por poder.

E depois de tanto falar a pergunta persiste. Hipoteticamente falando, o mundo sem religião seria melhor ou pior do que este em que vivemos?

Não me parece que seja possível responder a essa pergunta de maneira honesta. Faltam-nos elementos para análise. Podemos fazer suposições. Podemos eleger uma das opções como preferida e elencar características positivas e/ou negativas para apoiar nossa escolha, mas o fato é que só conhecemos um mundo – o mundo com religião – e o outro não passa de uma hipótese ou utopia.

Julgo importante lembrar que, na maioria dos casos, as utopias são elaboradas não com o fim de se criar um novo mundo ou uma nova sociedade e sim reformar o mundo e a sociedade em que vivemos. Em sendo assim, vale à penas considerar a proposta de John Lennon e tentar imaginar como seria esse mundo sem cristãos, muçulmanos, budistas e outros rótulos religiosos que causam tantas divisões. Talvez esse exercício nos ajude a melhorar o mundo que conhecemos, a começar por nós mesmos.

E para concluir o tema, evoco as palavras do historiador e filósofo Dr. Leandro Karnal, professor na Unicamp, em um Café Filosófico que não canso de assistir: "Volto a insistir: ateísmo ou religião não tornam o mundo pior ou melhor, apenas tornam o mundo do jeito que ele é".

__________________________________________

publicado originalmente em 

Comentários

  1. Prezados confrades:


    Muito bom este texto, principalmente quando consideramos, já na abertura, que o articulista cita Richard Dawkins, um dos homens mais tolos que transitam pela face da terra e o exemplo que é dado a reboque: culpar a religião pelos atentados de 11 de setembro é ter uma inteligência muito rasa, muito plana, muito incipiente, porque aquilo não é religião, aquilo é fanatismo, aquilo é beligerância pura.

    O religioso por natureza é ameno, bondoso e compassivo. Sai do sério, sim, porque é humano e tem lá seus defeitos: mas normalmente é muito ponderado nos atos.

    Não há dúvida também que todos os povos de todos os tempos foram (ou são) essencialmente religiosos. Ateísmo (e mesmo agnosticismo) é coisa rara, muito esparsa entre os povos, pelo que, em havendo, só serve para confirmar a regra.

    Um artigo bem traçado nas linhas gerais, embora peque um pouco na conclusão: as Cruzadas e a Inquisição foram o que a gente poderia chamar de "mal necessário" tendo em vista o que ocorria à volta.

    Em suma, as Cruzadas foram todo aquele horror que o articulista expõe - demonstrando um pouco de falta de conhecimento geral de História.

    E a Inquisição, por seu turno, foi mais do que necessária, além de ter sido um avanço para o direito civil (oposto ao canônico) de então.

    Mas o cerne do artigo é perfeito: o homem é, por constituição, uma criatura religiosa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Errata: "as Cruzadas NÃO foram todo aquele horror, etc..."

      Excluir
  2. Também penso de maneira bem parecida com a do autor do texto.

    É inútil e também estúpido alguém ficar combatendo a religião, pois acaba fazendo de sua suposta irreligiosidade algo semelhante. Porém, acho válido combater o obscurantismo mental dentro e fora das religiões.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Elimine a religião do mundo e o homem inventará outro motivo para cometer suas atrocidades. Isso considerando que todos os atentados e guerras que aconteceram na história tiveram realmente motivações religiosas. No meu ponto de vista a religião é apenas um álibi para camuflar os interesses mais vis que estão por traz da política.

    Imaginar que o mundo sem as religiões seria um paraíso, é pensar apenas na superfície de uma questão complexa, que envolve aspectos da própria natureza humana.

    Excelente tema para discussão Edu. Volto depois.

    ResponderExcluir
  4. EDU

    Belo texto e ao mesmo tempo tão auto explicativo que fica difícil até rebater.

    Concordo com ao autor e serve também tanto quanto a ciência que ele se referiu como a cultura, a raça, os gostos, os países, o mercado...

    O Problema ou a solução não está no extermínio deste diversos fatores que nos diferenciam ou que no fundo nos fazem parecidos, mas no comportamento humano principalmente quando nos sentimos superiores uns aos outros. Uma ideia do tipo extermínio da religião em que diferencia de Hitler que quis exterminar as raças "impuras"? Só pode vir uma ideia desta de uma cabeça doentia. Não caberia aqui nem dizer de uma inteligência limitada, de pura ignorância intelectual e humana.

    A religião é uma das diversas manobras utilizadas para se manter o poder conforme a conveniência de pessoas cujo interesse é o poder pelo poder.

    Lembro-me que Sadam usou o nome de Alá enquanto Busch o nome de Deus para justificar a guerra. João Paulo II falou em nome dos direitos humanos pedindo paz.






    ResponderExcluir
  5. Caros confrades, vale a pena dar uma olhada neste artigo:

    http://adventista.forumbrasil.net/t1074-destruindo-o-mito-de-que-as-religioes-sao-as-maiores-responsaveis-pelas-guerras

    ResponderExcluir
  6. Gente, esse texto tapador do buraco de Noreda (sem nenhum sentido dúbio...) é muito bom como reflexão sobre a importância ou a tragédia da religião. Sim, pois vejo a religião como sendo importante e também como uma tragédia para a humanidade. Como algo pode ser tão complexo e tão dual? ora, por que é um "produto" humano. Antes de tecer mais comentário vou ler o link que o GIL sugeriu pois é exatamente na questão de produtora de guerras que a religião é mais atacada e contestada por gente como Dawkins. Tenho minha visão sobre o assunto, vou ver se o texto indicado pelo GIL pode acrescentar algo ao que penso.

    volto depois.

    ResponderExcluir
  7. Confrades, "Em certa ocasião, Jesus disse que não veio ao mundo para trazer paz e sim espada (leiam em S. Mateus 10:34-36). Em outro momento ele afirma o contrário. Diz ele: "bem-aventurado os pacificadores" (leiam em S. Mateus 5:9)."

    Entendo que Jesus veio com o propósito definido de trazer a paz, mas Ele não ignorava que muitos dos que abraçariam seus ensinamentos provocariam guerra entre os seus próprios familiares.

    Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
    Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.
    Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;
    Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
    E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Mateus 10:32-36

    ResponderExcluir
  8. Uma verdade palpável: "E em sendo um instrumento, então não pode ser "a causa" do bem ou do mal, porque não há intenção em um instrumento.

    ResponderExcluir
  9. "Entendo que os problemas que existem na sociedade são decorrentes da natureza humana. Somos seres belicosos, sedentos de poder e essencialmente egoístas"

    Todos nós sabemos que o comunismo tem como prioridade o ateísmo. O comunismo matou e continua matando pessoas, partindo deste fato, concluímos que o ateísmo já matou mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, ENTÃO, o VENENO está no caráter do homem.

    ResponderExcluir
  10. Doni, o texto que você indicou diz que

    Tendo como referências as mais variadas fontes, incluindo a "Encyclopaedia of Wars" compilada por C. Phillips e A. Axelrod, Vox Day examina 1,763 guerras levadas a cabo desde 2325 antes de Cristo até aos tempos modernos.De todas estas guerras apenas 123, ou 6,98%, podem ser razoavelmente atribuídas às religiões.

    Sem saber se esses dados são confiáveis, para mim o que salta ao olhos é que 123 guerras foram provocadas por religiões, que de uma forma geral, pregam a paz.

    Mas podemos botar na conta do nosso cristianismo estatal também, atos como a conversão forçada de nativos de terras descobertas por portugueses e espanhóis.

    Quando desembarcavam em terras "descobertas", a cruz chegava na frente.

    ResponderExcluir
  11. Gui, você trouxe uma passagem interessante. Mas acho que talvez ela não se aplique ao tema proposto. O contexto da guerra que Jesus trouxe era outro.

    A questão é: o comunismo como tal conhecemos e que se estabeleceu na Rússia em 1917 e depois em toda a União Soviética e daí se espalhando para vários países depois da segunda guerra era por definição ateu e o uso da eliminação de inimigos políticos ou contrários ao regime era coisa banal, fazia parte da ideologia.

    Mas o cristianismo não nasceu como uma religião de poder e de guerra. Aliás, até onde eu conheço, das religiões que temos hoje no mundo, só os Islã prega a "guerra santa contra os infiéis" - ou seja, o Islã é violento em sua essência, mesmo que os atuais líderes digam que não. Mas a guerra santa está lá no Corão, e pelo que sei, não foi revogada.

    Mas também não estou dizendo que todo mulçumano quer explodir coisas e pessoas, existem de fato, mulçumanos menos ortodoxos.

    Bem, voltando à questão do cristianismo. Em nenhum lugar do NT prega-se a guerra santa contra infiéis. No cristianismo, a guerra contra os inimigos é prerrogativa divina num futuro escatológico.

    Mas o cristianismo depois de Constantino foi usado sim como instrumento de dominação e de guerras santas. Concordando com a GUI, o instrumento foi usado de forma errada e equivocada pelo clero cristão...

    ResponderExcluir
  12. Mas também não podemos negar que as três religiões monoteístas são as mais intolerantes contra os de outras religiões. o NT não prega a guerra contra pagãos, mas decreta que no juízo final eles terão o que merecem.

    O problema é que essas três religiões se acham donas da verdade sobre Deus. Cada uma delas crê que sua fé é a verdadeira. O cristão pode até ser virtuoso em sua dedicação ao fazer o bem a um não cristão, mas ele sempre irá querer que este se converta ao que ele crê, pois senão, o destino dele não será muito aprazível.

    Então essa tensão sempre existirá, a despeito de todo bem que cristãos possam fazer. E se isso não gera grandes guerras, gera como eu disse, essa tensão entre os "salvos" e os "perdidos".

    As religiões monoteístas fariam um bem enorme à humanidade e a si mesmas, se parassem de acreditar que cada uma delas é a verdade e as outras, mentira. Num mundo mais civilizado, cada religião teria seu caminho e deixaria o outro seguir o seu, sem querer convertê-lo a todo custo.

    ResponderExcluir
  13. GUI, deixa eu dizer uma coisa sobre o dito de Jesus de que não veio trazer paz à terra, pois acho que ficou incompleto. O autor cita essa passagem, mas parece que ela nunca evocada para se começar uma guerra santa, isto que eu queria enfatizar.

    ResponderExcluir
  14. Vi algumas pessoas comentarem sobre o 11 de setembro como um “excelente motivo” para explicar uma guerra religiosa. Afirmar isso é uma grande falta de conhecimento e uma solução rasa e inerte para definir o que aconteceu nesse atentado. Sabemos que o atentado às Torres Gêmeas foi um ataque puramente econômico. O próprio presidente norte americano Bush estava envolvido na trama. Tudo em nome de interesses econômicos petrolíferos. Bin Laden foi um mero personagem do Tio Sam criado para justificar tal atrocidade e eles mesmos encerraram a cena desaparecendo com uma vida sem corpo.
    Se o Cristianismo fosse vivido na sua essência, o mundo seria diferente. O problema é o ser humano que traduz outras vontades ao evangelho de Jesus a fim de satisfazer os próprios desejos e não os de Deus. Sabemos que texto fora de contexto é pretexto e com isso temos as diversas revelações pessoais do evangelho que são interpretadas como a vontade de Deus. Alguém sente um arrepio e diz que é Deus falando. É muita imaturidade e ignorância. Jesus diz em Mateus 22:29 Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.
    Se falássemos para o cristão de hoje que ele deve viver do necessário e repartir com o seu semelhante, que mesmo trabalhando não obteve o suficiente para o seu sustento, teríamos assim milhares de narizes torcidos. O cristão absorveu a mentalidade capitalista de poder e riqueza. Que tal se o mundo fosse habitado por índios vivendo apenas do necessário e repartindo com o seu semelhante. Que tal se o mundo fosse de cristãos desintoxicados da cultura capitalista, fazendo bem ao seu semelhante e vivendo apenas do necessário. Almejamos um Reino Espiritual que está por vir onde haverá riquezas e paz; ou não temos paciência de aguardar, viveremos tudo o que há de melhor aqui neste mundo e que se dane o resto? Afinal problemas todo mundo tem?

    ResponderExcluir
  15. concordo com EDU se Jesus tivesse a intenção de iniciar uma guerra ou ser a favor de uma guerra teria formado um exército. A frase dentro de um contexto de resistência principalmente judaica ao cristianismo trouxe ao autor do evangelho esta frase de jesus como resistência e compreensão que até a própria família não aceitaria o cristianismo.

    Quanto esta questão religiosa de querer a todo custo provar que é superior ou religiosamente falando dono da verdade na minha opinião é fruto de um tremendo complexo de inferioridade. Quando alguém se encontra resolvido em todos os sentidos e mão poderia ser diferente em relação à fé ele não fica querendo provar suas verdades. Como diz um amigo meu: Complexo de cachorro pequeno!

    Quanto à frase do EDU também:

    Então essa tensão sempre existirá, a despeito de todo bem que cristãos possam fazer. E se isso não gera grandes guerras, gera como eu disse, essa tensão entre os "salvos" e os "perdidos".

    Neste quesito penso das maiores arbitrariedades prepotentes que nós os religiosos carregamos é esta arrogância besta de tomar o lugar de Deus e se achar os únicos portadores da salvação. Me parece analisando friamente Jesus dos evangelhos uma evolução (não sei se pode dizer isso) de seus discursos em relação a salvação universal.

    Do mais guerras que nascem de ideologias sendo ela religiosa ou não independente de estatísticas nada a justifica e sempre será um equívoco irreparável. O problema como disse bem o autor está na natureza do homem. O bem e o mal; o demônio e deus que habita dentro de nós. O que diferencia no meu ponto de vista é a opção que fazemos.





    ResponderExcluir
  16. Edu, "Gui, você trouxe uma passagem interessante. Mas acho que talvez ela não se aplique ao tema proposto. O contexto da guerra que Jesus trouxe era outro."

    O que eu quiz colocar é que a única guerra que Jesus veio trazer, ainda que não era seu propósito, foi esta guerra entre os intolerantes e os que abraçam o evangelho de Jesus. Me baseei nos versículos que você mesmo trouxe no texto: Em certa ocasião, Jesus disse que não veio ao mundo para trazer paz e sim espada (leiam em S. Mateus 10:34-36). Em outro momento ele afirma o contrário. Diz ele: "bem-aventurado os pacificadores" (leiam em S. Mateus 5:9)

    ResponderExcluir
  17. Eduzinho "A questão é: o comunismo como tal conhecemos e que se estabeleceu na Rússia em 1917 e depois em toda a União Soviética e daí se espalhando para vários países depois da segunda guerra era por definição ateu e o uso da eliminação de inimigos políticos ou contrários ao regime era coisa banal, fazia parte da ideologia."

    O que eu quiz dizer foi que os motivos para a violência não são religiosos... Existem muitos ateus que não matariam uma mosca e muitos cristãos que matariam um batalhão de pessoas.

    ResponderExcluir
  18. "As religiões monoteístas fariam um bem enorme à humanidade e a si mesmas, se parassem de acreditar que cada uma delas é a verdade e as outras, mentira. Num mundo mais civilizado, cada religião teria seu caminho e deixaria o outro seguir o seu, sem querer convertê-lo a todo custo"

    Edu, eu creio que o problema não está em eu crer que a minha religião é a verdade e querer levar o evangelho a outros. Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será salvo quem não crer será condenado. Se eu acredito nisto e pratico o evangelismo com amor e sabedoria, não crio desconforto para quem está me ouvindo. Se eu creio assim, quando evangelizo, estou amando...

    ResponderExcluir
  19. GUI, sua frase é perfeita:

    Existem muitos ateus que não matariam uma mosca e muitos cristãos que matariam um batalhão de pessoas.

    Olha Gui, eu acho sim que o dito que você destacou (que eu duvido muito que Jesus tenha dito) causa sim intolerância, afinal de contas, quem não crê no que você vai anunciar será condenado. Não sei onde está o amor aí.

    Aliás, eu sei sim. Está na certeza de que o que você crê é a verdade. O problema é que muitos que te ouvirão também creem em algo que para eles é a verdade.

    Mas aí o problema é deles: serão condenados. E talvez eles pensem o mesmo de você.

    A tensão sempre existirá.

    Então, repito: o mundo seria melhor se o ardor missionários das religiões acabassem.

    ResponderExcluir
  20. Paulinho, obrigado pelo comentário.

    Vou repetir aqui o que escrevi lá no face:

    seu discurso é de um idealista. Jesus também foi um idealista. Criticar o capitalismo virou regra em alguns lugares mas sempre observo que os tais críticos não viveriam sem o capitalismo. O que há de melhor fora do capitalismo? O comunismo? Não existe sistema econômico perfeito, assim como não existe religião perfeita, pois tudo o que passa pela mão humana está fadado a ter defeitos. Mas com certeza se as pessoas cultivassem mais a solidariedade e o amor ao próximo, o mundo seria um pouco melhor. E essas atitudes não são e nunca foram exclusivas do cristianismo. Mas gosto de pessoas idealistas. Elas sonham, e sonhar é fundamental para se lidar com a realidade que está diante dos nossos sentidos.

    ResponderExcluir
  21. GIL, eu também concordo com sua interpretação sobre a "guerra que Jesus causou".

    A frase dentro de um contexto de resistência principalmente judaica ao cristianismo trouxe ao autor do evangelho esta frase de jesus como resistência e compreensão que até a própria família não aceitaria o cristianismo.

    Creio que está é a melhor explicação. O contexto aqui é a tensão entre o cristianismo nascente e o judaísmo.

    ResponderExcluir
  22. Bom dia prezados confrades,

    Eu sempre chego atrasado nestes diálogos, e diria que pela sapiência e inteligência de todos, já temos argumentos para compor um tratado filosófico sobre o tema, aqui só tem fera, isto me dá até medo de trazer minha sucinta e singela opinião sobre a proposta rsrsrsrs

    Realmente como alguém citou, Richard Dawkins é mesmo um tolo 5 estrelas, porém um dos poucos "ATEUS" na integra que temos hoje. O que percebo é uma grande quantidade de pessoas denominadas anti anti-religião que não podem de forma alguma serem caracterizadas como ateístas, pois não tem noção de tese alguma que possa defender a existência ou não deste Ser Inteligente e Criador, como disse Anselmo "a causa inicial de todas as coisas". Mas o assunto pelo que entendi não é este e sim, como seria um mundo sem religião. Pois bem, vou tentar me manter neste eixo.

    Certa feita ouvi uma frase que na verdade desconheço a autoria, ela diz "A religião é a maior arma na guerra contra a realidade", e começo a falar sobre a partir deste principio que chamaria de "fuga". A religião permite uma fuga de nossa realidade, pois o ser humano quando entregue a ela, passa a transferir todas as suas responsabilidades sobre ela, independente do credo, ele apoia tudo o que faz na religião, cria um sub mundo "espiritual" e passa a lutar e fugir com muito empenho do que seja de fato a sua vida, o que é muito mais cômodo, é muito mais tranquilo viver um conto de fadas, do que enfrentar de frente a realidade. É como disse Heinrich Heine em seu ensaio sobre Ludwig Börne, "Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança". Nesta linha de raciocínio, ela poderá até amenizar algumas situações que enfrentamos, mas nunca nos tornará isentos de enfrentar a realidade, os percalços e as intempéries desta vida.

    Além de da religião ser uma fuga, ela é uma grande aliada dos sistemas políticos, Napoleão Bonaparte, imperador francês e um dos maiores estrategistas que já se ouviu falar diz, “Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas”, ou seja, ela faz um trabalho de manipulação e conformismo na mente do ser humano que nenhum outro sistema fará com tamanha perfeição e excelência. Podem perceber que na esfera política, é muito comum ver Estado e Igreja de mãos dadas pelo "bem" da comunidade. Enquanto o Estado explora, a igreja atua na intenção de manter a comunidade calada em nome de Deus, eu sei que meu comentário esta parecendo um pouco radical, mas quero enfatizar aqui algumas coisas que percebo na religião, como disse não sou um PHD no assunto, e confesso que admiro a inteligência e capacidade de exposição de cada um dos confrades.

    ResponderExcluir
  23. Continuação do meu comentário rsrsrsrs

    Seguindo a ordem dos fatores, além de fuga, bengala política, temos também a questão da comodidade, da inércia, do estar satisfeito com o mito, e não buscar referências que realmente tragam conhecimento sobre assuntos relacionados com a vida e o mundo. Vou usar aqui uma frase do tolo Richard Dawkins e que realmente faz todo o sentido para elucidar esta questão, ele diz, “Eu sou contra a religião porque ela nos ensina a nos satisfazermos ao não entender o mundo”. A religião insiste na ideia de que a submissão e obediência a ela são princípios básicos para se viver feliz e em paz, o que discordo completamente, pois sinto e percebo a crença "religiosa" como uma prisão, algo que me impede por regras de realmente viver e fazer coisas que de fato me podem trazer felicidade, crer e buscar isso na religião é um equivoco, gosto muito de uma frase do Dalai Lama que fala que "Crença religiosa não é uma condição prévia para a conduta ética ou para a felicidade", isto é perfeitamente coerente com o que temos e encontramos no chão da vida, nem felicidade e nem conduta ética podem, ou estão estabelecidas e garantidas na religião.

    E quero finalizar falando sobre a "alienação" que produz a religião, fator que leva os seres humanos a abandonarem suas vidas para viverem o que as religiões lhes impõe, isso é algo que deve ser levado em conta quando falamos de religião, um homem matar, tirar a própria vida, se abster da família, defender guerras onde milhares de inocentes são mortos com tamanha convicção de que esta fazendo o certo e o bem, é algo que existe somente na religião. Parece que os camaradas estão com a mente cauterizada, e não conseguem mais evoluir, fazer uso da consciência, conduzidos ao mal em nome do bem. Realmente, penso que o mundo sem religião seria um mundo melhor, ou talvez menos ignorante e mais aberto a buscar a evolução humana no âmbito da espiritualidade. Para fechar aqui minha participação vos deixo uma frase dita comediante George Carlin, “A religião é apenas controle mental”, o que explica o porque dela proporcionar fuga, silêncio, comodismo e alienação rsrsrsrs

    Também quero deixar aqui um texto do professor Guido Nunes Lopes que fala sobre a diferença entre "religião e espiritualidade", talvez muitos já tenham lido, mas aos que não leram, é um bom texto sobre o assunto.

    http://www.filoboteco.blogspot.com.br/2012/05/religare-religiao.html

    Fraterno abraço.

    ResponderExcluir

Postar um comentário