Por Donizete
Estou começando a ficar
pessimista quanto ao encarar a vida e ver nela ainda que seja um fio de
esperança. Seria isso uma conversão ao existencialismo filosófico ou é o
primeiro sintoma de uma crise existencial por vir? Penso não ser nem um dos
dois. Mas estou operando atualmente dentro de um sistema com visão de que não
vale a pena acreditar no valor da existência. Que jamais vai haver melhoras à
nível moral e material no mundo. E nem progresso nas condições sociais ou
qualquer evolução para melhor, seja em que campo for.
Sei que o pessimismo é antes
de tudo existencial e metafísico. Mais são as contingências concretas e vividas
empiricamente que nos traz esta sensação de impotência ante as demandas da
vida. De ver as coisas acontecendo em total antagonismo com aquilo que
objetivamente desejaríamos ver. O que faz suscitar a dúvida: será que a felicidade
é quimera, pura ilusão? Como fumaça que se levanta mais logo se vai com o
vento? Efêmera como a vida? Estou começando a acreditar piamente que Schopenhauer
tinha razão ao dizer que viver é sofrer com pequenos instantes de felicidade.
Sim, ele estava certo, pois a vida é de fato essencialmente tristeza e
sofrimento. Note que no período em que estamos acordados são raros os lampejos
de euforia alegria e prazer. No mais são momentos pautados pela preocupação,
pelo “correr atrás de” ou “livrar-se de”, da “busca incessante por”. São
momentos dominados pelo desejo que nos traz a lembrança de que algo nos falta,
da saudade nostálgica, do tédio, da melancolia, da ansiedade angustiante e
sentimentos outros, que se não são sofrimento em si, a linha que os separa é
tênue demais para ser percebida. Até mesmo aqueles momentos de contemplação,
onde temos a sensação de que nossos sentidos nos abandonam, também comunica
tristeza e depressão. A tristeza está contida na voz do cantor. Nos versos do
poeta.
A força que nos move e faz
com que esta realidade tenha seu efeito nocivo atenuado, é a esperança que um
dia, quem sabe, consigamos alcançar a tão esperada ataraxia. Mas aí também
emerge outra questão não menos perturbadora. Que é o fato da ataraxia estar
intrinsecamente associada à apatia, a total insensibilidade às paixões, ao
desejo, ao prazer e a dor. Que felicidade é esta? Seria pior ao meu ver, viver cotidianamente
estes ciclos intermináveis, irritantemente repetitivos. Sem a mínima dose de
prazer. Melhor ficar como está.
Será que a existência é um
completo sem sentido? Assim pensava Kierkegaard. Nestes mesmos termos ponderava
Nietzcshe. Heidegeer que o diga. Sidarta Gautama afirmou que enquanto
estivermos atados ao fio da nossa existência iremos sofrer. O velho Buda tinha
plena razão ao dizer que o homem sofre ao nascer, sofre ao envelhecer, sofre
quando se está enfermo, quando se une com aquilo que é des-prazeroso ou se
separa do que lhe é prazeroso. Sofre ao não obter o que quer. Enfim, sofre
quando morre.
Ser desiludido com sua
própria existência não é prerrogativa dos fracos. Grandes espíritos também são.
E tornou-se um sentimento tão comum que proliferam como praga os livros e
palestrantes de auto-ajuda. Que prometem revolucionar os humores e expectativas
das pessoas com receitas tolas e infantis, tipo: “pense positivo” “recite
frases otimistas” “diga não ao pessimismo” e outros mantras ridículos que
surtem efeitos apenas em espíritos fracos. Aliás, esta tem sido a tônica das
mensagens pregadas também nos púlpitos de muitas igrejas.
É desonestidade intencional objetivar
manter as pessoas presas nas rédeas da ilusão com promessas mirabolantes, gerando
nelas a idéia de estarem vivendo num mundo surreal sob a expectativa de que mal
nenhum os atingirá. Quando sensato seria dizer para as pessoas que o acaso é
caprichoso. Por isso devem estar agradecidas pelo fato de terem sobrevivido por
mais um dia, sem que um carro desgovernado atropele seus filhos que brincavam
no play ground da escola, sem que o avião no qual viajou sua esposa tenha
caído. Sem que tenha sido vitimado por um assaltante. Sem que seja atingido por
uma bala perdida, ou acometido por uma doença grave qualquer. Enfim, considere-se
um sujeito afortunado por ter sobrevivido por mais um dia nesta terra de
ninguém. Um mundo sofredor. Inexoravelmente sofredor.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDonizete, esse pessimismo vai acontecendo com a gente a medida que começamos a observar que a vida não é tão fácil e tão simples como pensamos. Quando começamos a pressentir que muitos de nossos sonhos não se realizarão da maneira prevista por nós. Tenho experimentado tb esse sentimento e acredito que em parte isso se dá pela perda da fé que costumava ter. Lembro q cantava um hino que dizia: "O Senhor é a minha força.ele faz os meus pés como os da corça...ele me faz andar em lugares altos... e de fato a fé nos põe em lugares de alta expectativa e quando vemos que Deus tem sua vontade e que nem sempre se rende ao apelo ou a chantagem de nossa fé (o que para mim é crescimento) aí quando sentimos o chão bem duro debaixo dos pés, temos essas visitas aos lugares baixos. Não sei como resolver uma crise existencial, mas acredito que uma fé menos mirabolante ajuda e também descobrir que nem tudo que queremos realizar reside de fato em nós mas vem de demandas sociais que nos pressionam. Vivemos frustrados com a velocidade da vida porque tudo é muito rápido, muito passível de troca. São tantas exigências que não observamos o mais simples,o mais próximo,o possível.
ResponderExcluirPor fim, a gratidão me tira de estados de pessimismo, mirar que muitas e as melhores coisas de minha vida se formaram sem a minha interferência, me faz pensar nessa força criadora que está por aí em lugares que não vou fazendo coisas e espero que essa força que penso ser Deus, não deixe a peteca cair rsrsrs... as coisas vão ficar bem ! No mais a vida não pode ser só isso, se chegamos a conceber que há algo para além da matéria, se há esse lugar invisível e impalpável onde reside a dor e alegria q ninguém vê, é que nem tudo é só matéria.
Um forte abraço. Fica com Deus.
Donizete, você me atropelou mas não morri.
ResponderExcluirSua crônica define o estado de espírito de quem,na hora da morte, descobre que viveu à luz de uma hipótese. Foi assim e sempre será, até a morte dar cabo a este pedantismo espiritual.
Vejo o texto com certo realismo. O pessimismo depende da crença. He, he, he...
Mari,
ResponderExcluirDiariamente recebemos sugestões do que de fato é ser feliz. Estas sugestões vem por vias sensoriais, mais especificamente pela visão. Mas como são enganosas estas impressões! Sorrisos mascaram angústias. Momentos festivos escondem tensões terríveis. E geralmente dissimulamos nossa real situação puramente em função da imposição social e moral, que coloca na margem da existência, quem não encontrou o caminho para ser feliz. É a famosa tirania da felicidade como bem colocou o Pondé.
Você foi perfeita ao colocar a fé como base para a pessoa conceber a vida com perspectivas mais otimista. A questão é quando saímos da teoria para vida como ela é de fato. Quando todo aquele conjunto de valores, crenças e teorias são nocauteadas pelas contingências, e revela a carência deles serem resignificados. Nem sempre estamos dispostos a isso. Achamos uma resposta das mais evasivas possível, tipo: foi a vontade de Deus e ponto. Faz parte de seus planos secretos. Ele tem um propósito sublime que está além da nossa compreensão e etc... são frases que quando ditas aos outros tem grande valia. Mas quando somos “o outro” aí vemos que todos os jargões que denotam fé juntos para quase nada serve.
São nos momentos de crises que viajamos nas ideias com o propósito de encontrar um sentido para as coisas que acontecem debaixo do sol. E geralmente quando saímos a procura das respostas fora daquele lugar de refúgio que a religião nos oferece, é que percebemos o quão enigmático é o mundo em que vivemos.
Abraços. Fica com Deus.
Mirandinha,
ResponderExcluirVocê foi perfeito e economizou um punhado de frases com o emprego de uma só palavra: pedantismo. Muitos religiosos são de fato pedantes. Percebemos isso claramente em seus discursos. Menos os existencialistas.
Entretanto, a realidade do mundo em que vivemos é muito mais profunda e complexa do que imaginamos. Quando os fatos nos surpreendem, e nos perguntam qual é a razão, diante de tantas variáveis, talvez um “não sei” seria a melhor resposta.
Abraços.
Doni
ResponderExcluirUm bom artigo para nossa reflexão
Dentre as várias facetas vou escolher uma para tentar discorrer brevemente sobre o pessimismo nosso de cada dia. Mais uma vez recorro à psicanálise (rsrs): é bem possível que o sonho de felicidade implantado em nossa psique pelos nossos ancestrais esteja no cerne da questão.
A nossa cultura individualista e liberal nos força a correr atrás da “cenoura dourada”, também é ela que nos frustra com a inquietude e a insatisfação cotidiana da impossibilidade de gozar desse éden utópico de justiça e paz prometido por nossos pais, sob o slogan: “olhe meu filho, você estará bem quando ficar parecido comigo. Aleluia!”
Deixamo-nos enganar, de certa forma, pelo ideal da cultura de massa que, para manter-nos coesos em sociedade, entregou a cada um de nós uma máscara e uma fantasia. Só que esqueceram de dizer que o “carnaval” dura apenas três dias, e quando chega a quarta-feira tudo vira cinzas, angústia e desconforto. (rsrs)
Refletindo bem, talvez o que mais nos faz sofrer seja a excessiva expectativa de que tudo vai melhorar e se transformar em um mar de rosas num mundo cada vez mais cão. Talvez, se carregássemos malas ou fardos mais leves não tivéssemos tanta decepção e pessimismo em nossa caminhada.
Doni,
ResponderExcluircreio que seu intrigante texto pode ser visto por dois primas. Primeiro que eu acho que o mundo está melhor hoje, do que, digamos, na Idade Média. A tecnologia trouxe avanços que nossos ancestrais veriam como magia..rss E essa magia toda nos fez viver melhor. Mas em segundo lugar, vejo também que a felicidade plena tão apregoada pelas mensagens evangélicas atuais e os milhares de livros de autoajuda que te ensinam em "10 passos" a ser feliz é puro engodo e lucram exatamente por causa dessa sede de felicidade que temos.
Teria(tenho) muito a dizer sobre o teu texto, mas para não ser pedante, vou dizendo aos poucos... Volto depois. (bem, na verdade não sei se volto; e se de repente meu PC der pau? Ou se cair um avião em cima da minha casa? ou se ficar tão deprimido com seu texto e nunca mais queira argumentar? e se...e se...e se...é essa angústia do futuro fora do nosso controle que nos mata!!)
onde escrevi "primas", leia-se "prismas".
ExcluirNão sei por que cometi tal ato falho...prima, prima...rssssss
Edu, sempre me fazendo dar boas gargalhas, você é o cara...
ExcluirDoni
ResponderExcluirMeu caro esta inquietação que carregamos a vida toda como que tentando encontrar a tal realização plena é uma busca que me parece constante e eterna enquanto perdura.
Tenho encontrado pessoas em paz, mas sempre inquietos diante do sofrimento alheio,
pessoas que vivem e agem em amor ao próximo.
Quando recentemente a Igreja revelou as confissões de Madre Teresa Calcutá e eu li o livro das suas confissões fiquei impressionado pelo fato daquela mulher que transmitia tanta paz estar em constante escuridão e um conflito espiritual medonho numa crise existencial e de fé maiores que a minha rsrsrsr
Eu creio que não existe felicidade completa e nem tristeza completa. Creio na felicidade possível e vejo a tristeza como referência da felicidade e vice versa. Quase sempre felicidade e tristeza é uma questão de escolhas. Já o sofrimento , a dor nem sempre.
Já conheci muita gente que em meio ao sofrimento e a dor ser muita mais feliz que eu.
São mistérios da vida!
Gosto muito da passagem de Números onde relata a história dos exploradores de Canaã enviados por Moisés para espiar aterra prometida. Lá eles veem romã, cachos de uvas, uma terra onde corre leite e mel e também viram gigantes de Enac e voltaram para falar com Moisés.
A maioria deles voltaram com pedras na mão e murmurando, pois diziam que Moisés os tiraram do Egito para morrer diante dos gigantes de Enac e o deserto.
Com excessão de Josué e Caleb que valorizaram os cachos de uvas e as coisas boas da terra prometida e disseram que Deus era maior que os gigantes de Enac e dominaram a terra.
É nosso comportamento em relação a ser feliz! Na maioria das vezes valorizamos os momentos tristes e as dificuldades mais do que as bençãos da vida. Temos uma facilidade em supervalorizar os problemas e esquecer os momentos bons e ignorar a força interior que temos para superar os sofrimentos e as dificuldades.
Precisamos olhar mais para os cachos de uvas do que os gigantes cujo tamanho é proporcional a nossa falta de fé.
Doni meu querido que interessante: Por que felicidade é utopia e tristeza não? Por que é mais fácil para nós acreditarmos e valorizarmos a tristeza do que a felicidade?
continuando rsrsrs....
ResponderExcluirO LEVI disse uma frase que me chamou a atenção:
Talvez, se carregássemos malas ou fardos mais leves não tivéssemos tanta decepção e pessimismo em nossa caminhada.
Se existe uma coisa que a sabedoria da vida me ensinou enfim foi que quanto mais lutamos contra a cruz mais pesada ela fica e quando resignamos para agir com coragem diante dela mais leve ela fica.
Se o confrade me permitir postar uma poesia minha aqui que acredito ter muito haver com o texto proposto:
Superação
No meu caminho...
Existem pedras.
Têm obstáculos.
Ocorrem buracos.
Acontecem vácuos.
No meu caminho...
Existem feridas.
Têm desvios.
Ocorrem imprevistos.
Acontecem desvarios.
No meu caminho...
Existem dúvidas.
Têm questionamentos.
Ocorrem desânimos.
Acontecem tormentos.
No meu caminho...
Existem tristezas.
Têm solidões.
Ocorrem angústias.
Acontecem desilusões.
No meu caminho...
Existem espinhos,
mas são as rosas
que me cativam.
Levi, perfeita a sua colocação. Se não nos deixássemos amargurar pelos NÃOS que a vida sempre nos grita, se levantássemos a cabeça e buscássemos um novo caminho, seríamos menos infelizes e nos divertiríamos mais com os três dias de carnaval.
ResponderExcluirTenho aprendido que a pior forma de viver a vida, é viver amargurada, resmungando, choramingando.
Confirmando o que escreveu a nossa querida Mari, também vejo a fé como um potencial que nos fortalece para caminharmos sob o sol mais causticante. Não importa que os Mirandinhas da vida nos pense pedantes, o importante é sermos felizes apesar das intempéries.
Concordo!
ExcluirPessimismo ou realismo?
ResponderExcluirSerá que, no decorrer de nossas trajetórias, não criamos excessivas idealizações?
De alguma maneira será que algumas pessoas na Igreja Primitiva não teriam feito algo semelhante projetando a volta de Cristo para seus dias enquanto que o próprio Senhor disse no Evangelho que somente o Pai sabe o Dia?
Entretanto, creio na vinda do Reino e entendo que, quando falamos em tempos, há também noite e dia na história planetária e do Universo. Temos períodos em que há o predomínio do mal e outros do bem. E, não importa em que época, pessoas conseguiram ser felizes dentro de suas respectivas condições enquanto outras não.
Mas é possível sermos ficarmos alegres o tempo todo? Penso que não. O profeta Elias nos mostrou isso em sua depressão quando resolveu enfiar-se numa caverna no monte em que Moisés recebeu os 10 mandamentos. E tudo porque teria recebido ameças de uma mulher (Jezebel) após ter vencido os 400 profetas de Baal.
Acredito quando prego sobre o Reino de Deus não estou cometendo uma desonestidade intelectual. Proponho que meus ouvintes e leitores busquem transformar a realidade dentro e fora de si. Não tento iludi-los, mas encorajá-los a caminharem nesta vida. E, ainda que não cheguem a ver o resultado, devem contemplá-lo pela fé. Afinal, só o fato de existirmos já é um grande milagre!
Sejamos fortes e valentes! Não vamos desanimar porque "a seu tempo ceifaremos" , como ensinam as Escrituras. E "o melhor de Deus ainda está por vir"!
Um abraço a todos e que a paz e a graça de nosso Senhor Jesus Cristo estejam em seus corações.
Em tempo!
ResponderExcluirOntem pela manhã eu estava bem triste com a situação que tenho vivido. Lendo este texto no meu blogue, vocês poderão compreender melhor:
"Experiências aprendidas com os fracassos"
http://doutorrodrigoluz.blogspot.com.br/2012/08/experiencias-aprendidas-com-os-fracassos.html
Hoje, entretanto, estou melhor e me sinto mais fortalecido para encarar os problemas e desafios. Minha mulher continua internada num hospital e sem previsão de alta, mas não me dou por vencido.
Tenho fortes razões para cultivar uma depressão dentro de mim, mas não quero embriagar-me com este veneno! Quero andar para frente e buscar algo melhor sem o auto-engano.
Valeu!
Os confrades estão dando algumas "receitas" ou modos de ver a vida com menos pessimismo e acho isso, bom. Eu mesmo tenho uma tendência a ser otimista com a vida. Mas o problema que o Doni expõe no seu texto é filosófico-existencial. Podemos fazer de tudo para termos dias mais felizes mas o "sentimento do mundo" é tristeza, pois tudo acaba, todo prazer se esvai, a vida passa como brisa suave. E a grande questão é que os que possuem fé num eon vindouro, possuem apenas a fé, mas não podem saber disso de forma absoluta. Tudo aquilo que nós construímos enquanto metafísica e devir num outro plano podem ser apenas, defesas que criamos para manter o equilíbrio e não puxar o gatilho da arma em nossa têmpora e acabar com o absurdo da existência.
ResponderExcluirNos dias sombrios da Segunda Guerra, os judeus iriam pagar a maior cota de sofrimento de sua existência nas mãos dos nazistas. Muitos se peguntaram de que adiantava ser "povo escolhido de Deus" e muitos temas da teologia tiveram que que ser repensados depois de Auschwitz. Deus ainda seria uma ideia razoável depois daquela insanidade toda?
ResponderExcluirE no mais, de que adianta ser feliz num mundo onde milhões passam fome todo dia? num mundo em que desastres naturais ceifam a vida de milhares? num mundo onde a vida para muitos valem menos do que um real furado? Ser feliz nesse cenário é quase uma afronta para aquele menino africano que sugará as mamas flácidas de sua mãe e nada encontrará pois a desnutrição dela impede que tenha leite.
ResponderExcluirQue vida absurda é esta...?
Por outro lado, o poeta Gonzaguina decretou:
ResponderExcluirEu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...
E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...
E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
A existência é isso: dor e prazer, morte e vida, alegria e desespero. Logo, um estado pleno de felicidade talvez não seja possível a nenhum de nós.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPara aumentar ainda mais a "vibe" pessimista do blog eu deixo esse trecho do Umberto Eco: "As Rosas é que são belas. São os espinhos que picam. Mas são as Rosas que caem e são os espinhos que ficam"
ResponderExcluirA tristeza deve vir da nossa inclinação de ter a memória acumulativa para o que é ruim. O que é ruim nunca sai da gente. Um dia bom não tem louvor, mas se tivermos um problema a gente não esquece; "os espinhos que ficam"
EDU, eu amo essa música. Não fico muito tempo sem colocar meu cd do Gonzaguinha, isso é um hino, um elevo mesmo rsrs... Eu estava assistindo um documentário do History sobre a segunda Guerra e estava pensando justamente sobre Deus e suas permissões. Como não se pessimista diante de um mundo que reserva certas coisas para certas pessoas? E como não ser grato por viver em um época de paz. Como não crer na reencarnação diante de tantas atrocidades, como não pensar que os espíritos maus somos nós mesmos...e por aí vai...
GILBERTO, lindo seu poema. Por que vc não tem publicado mais seus poemas em seu blog?
Frases que deveriam ficar: "Tenho fortes razões para cultivar uma depressão dentro de mim, mas não quero embriagar-me com este veneno!" Rodrigão."
ResponderExcluir"A tristeza deve vir da nossa inclinação de ter a memória acumulativa para o que é ruim. O que é ruim nunca sai da gente. Um dia bom não tem louvor, mas se tivermos um problema a gente não esquece; "os espinhos que ficam"
Perdão, a segunda frase da Mariani.
ResponderExcluir"O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo" Honoré de Balzac. Portanto, Doni querido, brinque os dias de frevo com entusiamo, e terá forças para as quartas feiras de cinza.
ResponderExcluir"Acho péssima essa obrigação de ser sempre feliz. Tristeza é fundamental." Foi o que disse a
ResponderExcluirLevi,
Ouvi dizer que a constituição dos EUA e da França estabeleceram a felicidade entre as garantias individuais do cidadão. Mas o problema se concentra em: até que ponto o meio ou o estado é capaz de produzir tal sentimento, já que a vida é uma sucessão de fatos que fogem do nosso controle e principalmente de qualquer intervenção de terceiros.
Mario Sergio Cortella disse que em relação a felicidade, somos seres de busca e não de encontro.
Levi,
ExcluirDesconsidera a primeira frase. Erro ao colar! rsrs
Prezados confrades.
ResponderExcluirHarold Kushner disse que "tentar encontrar a Grande Resposta para a Grande Pergunta a respeito do problema da vida é como tentar comer a Grande Refeição, para nunca mais ter de se preocupar com a fome.
Li não me lembro onde de uma pesquisa que fizeram nos EUA sobre a questão do sentido da vida. Alguns disseram que a vida é um filme com final triste. Outros, acompanhando o raciocínio de Sartre marcaram o”X” na opção: “a vida não tem nenhum sentido”.onze por cento dos entrevistados pensavam assim. Outros ainda mais pessimistas disseram que são vítimas de sua própria vida. Ainda estou tentando entender o quiseram dizer com isso. Rsrs
A grande questão é que a vida não obedece estatísticas. Vai dizer a uma mãe enlutada que perdeu seu filho ainda na sua tenra infância, que a expectativa de vida no Brasil é de setenta anos. As estatísticas são confiáveis para lidar com os números no campo da política, da economia, etc. Mas não para apontar probabilidades para o meu ou o nosso amanhã. Visto que o amanhã não nos pertence, como disse Tiago, irmão de Jesus.
Devemos nos acostumar a conviver com o imponderável, com fatos aleatórios que via de regra, nunca nos surpreendem de maneira agradável. Diante de fatos com estas características não se encontram motivos. Apenas se aceita como fato e ponto.
O Ed René Kivitz disse o fato de não identificarmos sentido nas tragédias da vida, não quer dizer que eles não existem. O problema é a impossibilidade em identificá-lo. Existe um porquê, uma razão por traz de tudo que acontece. Se de fato existe, penso eu, está muito além do campo de atuação das nossas mentes. Visto ser este um problema tão antigo quanto o pensamento.
A quinze dias atrás aproximadamente,na madrugada de um sábado, um rapaz de vinte e dois anos de idade, retornava de São Paulo juntamente com sua sogra (42), sua esposa (20) e seu filho de apenas dois aninhos de idade. Eles tinham ido comemorar o aniversário de uma sobrinha do casal, inclusive era aniversário também da criança, que seria comemorado no domingo. A festa já estava preparada. O carro estava cheio de presentes que os parentes paulistanos já teriam dado antecipadamente.
ResponderExcluirÉ comum, pelo menos aqui e Campinas em algumas rodovias, ladrões colocarem pedras na estrada para furarem os pneus dos carros obrigando os motoristas pararem, e assim serem alvos fáceis dos assaltantes. Foi o que aconteceu com a família. O problema foi que o rapaz ao bater na pedra perdeu o controle do veículo e bateu contra o muro de contenção e o carro acabou parando no meio da estrada. O motorista mais que depressa desceu do carro para sinalizar para os demais desviarem do seu carro. Mas não deu tempo. Veio um ônibus em alta velocidade e bateu em cheio, matando instantaneamente sogra, esposa e a criança. Penso ser imensurável o quanto este pobre rapaz está sofrendo.
Para os sensíveis de coração, não tem como deixar de fazer alguns questionamentos. Lançamos mão da filosofia, da própria teologia e operamos com sua principal ferramenta que é o pensamento.
Mas não conseguimos achar uma solução plausível. O Eclesiastes concluiu em seus escritos que tentar descobrir estas coisas é vaidade, névoa de nada, bolha de sabão. (Kivitz).
Aí que entra o papel da religião. Quem tenta resolver esta tensão através da religião soluciona o problema. A religião é em síntese uma tentativa de codificar o mundo, de identificar por que e para que as coisas acontecem como acontecem e são como são. Dessas decodificações e explicações não escapam os anjos, o diabo, os demônios, e nem o próprio Deus.
Eu me recuso incluir Deus como sendo uma das possíveis causas. Senão Ele seria o maior estraga prazeres do universo.
Rodrigo,
ResponderExcluirCompreendo sua tristeza e dor. Oro por você. O importante é encarar estes momentos como fontes de aprendizado. Mas vezes penso que a vida como pedagoga é severa demais.
Mas muitas vezes a vida é também demasiadamente generosa, irmão. Eu mesmo tenho consciência da grande bondade de Deus e de quantas chances recebi e ainda continuo tendo. Oportunidades que, inclusive, foram imerecidas. Abraços.
ExcluirGil,
ResponderExcluirSeu comentário foi fantástico assim como sua poesia.
Somos inquietos por natureza. Eu particularmente ando de encontro aos conflitos existenciais. Via de regra ando na contra mão da religião. Pois as religiões nos oferece um porto seguro com suas decodificações. Posso nunca encontrar as respostas enquanto vivo. mas não vou estacionar minha carruagem e ficar na zona de conforto e segurança apenas vendo a banda passar. rsrs
Gui, Mari, e outros poetas de plantão como o Gil e Edu.
ResponderExcluirQual momento é mais propício e inspirador para fazer poesias? Em momentos de paz ou de conflitos? Na alegria ou na dor?
Doni, não vejo sentido oculto algum em tragédias como essa que você citou. Não há sentido. O que causou a tragédia? as pedras, os assaltantes, o carro que capota e o ônibus em alta velocidade. Um encadeamento causal lógico. A religião pode de fato, dar algum sentido a isso, mas acho que nessa hora até mesmo o crente balança e pergunta a Deus "por quê"?
ResponderExcluirMas a resposta nunca vem.
A quem sobrevive, resta dois caminhos: entregar-se à morte em vida ou rir da cara da morte e dizer: "ainda estou aqui". Essa é a vingança possível e a atitude para continuar caminhando. Com dor, mas caminhando.
É mais fácil falar do que fazer, contudo.
Doni, você está certo: poemas e sambas só são bons se tiverem em seu nascedouro um coração ferido...rs
ExcluirA carapuça do pedantismo vestiu bem algumas cabeças. Uma pena! A educação é uma descoberta progressiva da nossa própria ignorância.Para alguns, este tempo dura uma eternidade.
ResponderExcluirRODRIGO, mantenha o ânimo meu amigo!!Não dê o primeiro trago nessa droga de depressão não. Se precisar de ajuda, peça pois o buraco é muito fundo. Um abraço e muita força pra vc e sua família!!! Fica com Deus.
ResponderExcluirGUIO, q bom q vc está melhor e já voltou a interagir por aqui. Bjs...
DONI, particularmente eu escrevo mais quando estou pra baixo rsrs...meus textos tem traços de melancolia e quando estou numa fase introspectiva falo de tudo: natureza, Deus, amor.... Quando estou mais extrovertida, mais animada, fico sem palavras rsrs... engraçado que estava falando com a Guio sobre isso hj à tarde
Pois é Doni, Os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação e dos céus as lindas melodias se ouviram na escuridão
ResponderExcluirÉ na dor que um coração que não se deixa envenenar pelas amarguras da vida, desfere as mais belas poesias.
Então Mirandinha, a carapuça caiu bem, mas não a do pedantismo como você mal julgou. Finalmente os sentimentos são subjetivos...
ResponderExcluirAcho interessante você sempre se colocar acima daqueles que têm uma religião, você não chamaria isto de verdadeiro pedantismo se fossemos do seu credo?
Edu "Doni, não vejo sentido oculto algum em tragédias como essa que você citou. Não há sentido. O que causou a tragédia? as pedras, os assaltantes, o carro que capota e o ônibus em alta velocidade. Um encadeamento causal lógico. A religião pode de fato, dar algum sentido a isso, mas acho que nessa hora até mesmo o crente balança e pergunta a Deus "por quê"?"
ResponderExcluirConcordo com você Edu, simples de entender. Enquanto o Brasil pensar que dorme em braços esplendidos, só acordará na outra vida...
Edu, aplausos para esta sua frase:
ResponderExcluir“A quem sobrevive, resta dois caminhos: entregar-se à morte em vida ou rir da cara da morte e dizer: "ainda estou aqui". Essa é a vingança possível e a atitude para continuar caminhando. Com dor, mas caminhando.”
Fantástico! Nada a desdizer ou acrescentar.
O lado bom e necessário do pessimismo.
ResponderExcluirMax Gehringer disse que “seria desastroso se no mundo dos negócios e das empresas todos fossem otimistas. Lógico que se não fosse pela ousadia e confiança de visionários, muitas utilidades talvez não tivessem saído do nível de projeto. Muitas coisas extremamente úteis nem existiriam. Contudo todas as empresas precisam de pessoas “pés no chão”. Que joguem a “dura realidade” sobre os otimistas exacerbados. Creio que isso pode ser aplicado em várias esferas da nossa vida. Ser pessimista nada mais é do que viver a vida como ela é. Ser realista. E o melhor jeito de se evitar o pior é antever o pior.
Particularmente, reflito sobre o pessimismo quanto objeto de inquietação filosófica. Mas creio estar longe de ser um pessimista. Talvez um pessimista moderado. Rsrs
Schopenhauer, este sim era pessimista. (até lembra o Eclesiastes em seus melhores dias) Para ele, o otimismo é a causa de todo sofrimento existencial. “Somos movidos pela vontade”, dizia ele. “Um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração e a uma nova vontade”. Ou seja, estamos existencialmente atrelado a esta tríade: vontade-realização-tédio.
Outro dado interessante, agora no que se refere ao otimismo, foi colocado pelo filósofo Roger Scruton: para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o "otimismo inescrupuloso". Aquelas utopias que levam populações inteiras a aceitar falácias e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo - um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria leis preparadas para os piores cenários. Repetindo: O MELHOR JEITO DE EVITAR O PIOR, ENFIM, É ANTEVER O PIOR.
“Carpe Diem”, dizia Horácio. “aproveite o dia”. Sabe aqueles dias em que você acorda com a sensação de que tudo conspira a seu favor? Como canta o Zé Cabaleiro:
ResponderExcluir“Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria”
Aproveite o máximo que puder desses momentos raros. Pois é bom vivê-los mesmo sabendo que em todo “fim de festa” somos tomados por um misto de desgaste e frustração, sentimento naturalmente causado pelo convite compulsório para voltar à realidade. Rsrs
DONI e Queridos Confrades
ResponderExcluirGrande parte dos sofrimentos do mundo poderia ser resolvido se antes de eu perguntar : Por que Deus? Eu perguntasse: O que posso fazer?
Uma criança passando fome, uma mãe desesperada, um bandido que jogou uma pedra no meio da estrada (da onde ele veio, porque optou por bandidagem?)...
O problema não é Deus é meu!
O que Deus precisava fazer ele fez: me deu saúde, inteligência, capacidade, criou um universo em abundância que conspira o tempo todo a meu favor. O que eu quero mais? Que Ele venha dar a comidinha em minha boca?
Não sei dizer se todos os "problemas" (entre aspas para tentar justificar que existem problemas que não são) são fruto do que plantamos, mas que a grande porcentagem, ou quase cem por cento, é nós mesmos que criamos.
Vou revelar algo que parece contraditório, mas muita gente que encontro neste caminho me apresentam uma dor e sofrimento que não existe? E muita gente com uma dor violenta me apresenta um sorriso que não acredito que possa existir.
Então posso perguntar qual seria nossa realidade? Será que ela não deveria estar mais próxima da felicidade do que a tristeza?
Também é importante questionar o que é a felicidade? Vejo que na maioria das vezes plantamos sementes de tristezas afirmando ser felicidade e realização. Ninguém cole laranjas plantando abacaxis.
Diante disso existem os extremos, estes apesar de pequenas exceções realmente não tenho respostas.
Pode ser que esta crise existencial esteja muito ligado a irrealidade que construímos e vivemos. Os nossos valores estão invertidos.
Eu sou pessimista não em relação ao que a vida existencial me oferece, mas ao ver a resposta o que do homem diante da vida.
Sou triste apesar de viver rindo e brincando o tempo todo. A vida pra mim só tem sentido se for uma escola para valorizar algo maior.
Ou então como péssimos alunos seremos eternamentes reféns de "momentos" felizes.
Corrija: sou angustiado apesar de viver rindo....
ExcluirMARI
ResponderExcluirando sem inspiração para escrever poesias e minha vida esta abarrotada de coisas acumuladas e quando isto acontece eu priorizo. A Confraria tem sido uma prioridade tenho aprendido muito com vocês.
Gui que legal:
É na dor que um coração que não se deixa envenenar pelas amarguras da vida, desfere as mais belas poesias.
É meu paradoxal, mas é na dor que somos encontrados por aqueles que mais nos amam e enxergamos os maiores valores que comumente está em nosso alcance e são simples.
Confrades se hoje "caíssemos de cama" por muito tempo, quem ficaria ao nosso lado? Provavelmente é a pessoa ou as pessoas com as quais me conflito mais!
Rodrigo força meu amigo!!!! Sua frase é um incentivo a todos nós:
Tenho fortes razões para cultivar uma depressão dentro de mim, mas não quero embriagar-me com este veneno! Quero andar para frente e buscar algo melhor sem o auto-engano
Em tempo rsrsrs
ResponderExcluirDiante do pessimismo e o sofrimento resta-nos três caminhos:
1 - a revolta,
2 - a indiferença
3 - a aceitação.
A revolta leva a pessoa ao desespero;
A indiferença nos torna estáticos, deterministas, estóicos;
A aceitação ou resignação comunica-nos a paz e alegria profunda e nos faz a exemplo de Cristo ser solidários com os que sofrem mais.
[…]será que a felicidade é quimera, pura ilusão? Como fumaça que se levanta mais logo se vai com o vento? Efêmera como a vida?[…] a vida é de fato essencialmente tristeza e sofrimento. Note que no período em que estamos acordados são raros os lampejos de euforia alegria e prazer. No mais são momentos pautados pela preocupação, pelo “correr atrás de” ou “livrar-se de”, da “busca incessante por”. São momentos dominados pelo desejo que nos traz a lembrança de que algo nos falta, da saudade nostálgica, do tédio, da melancolia, da ansiedade angustiante e sentimentos outros, que se não são sofrimento em si, a linha que os separa é tênue demais para ser percebida.
ResponderExcluirA força que nos move e faz com que esta realidade tenha seu efeito nocivo atenuado, é a esperança que um dia, quem sabe, consigamos alcançar a tão esperada ataraxia. Mas aí também emerge outra questão não menos perturbadora. Que é o fato da ataraxia estar intrinsecamente associada à apatia, a total insensibilidade às paixões, ao desejo, ao prazer e a dor. Que felicidade é esta? Seria pior ao meu ver, viver cotidianamente estes ciclos intermináveis, irritantemente repetitivos. Sem a mínima dose de prazer. Melhor ficar como está.[…] (Doni)
Ihhhh Doni... será uma crise?
Gostei do texto e irei reverberar no Mundo Da Anja........ depois volto pra ler os comentários...
Bjux
Confrades, tenho aprendido muito mais na dor do que nos momentos felizes. Tenho me enternecido mais nas horas de angústias, tenho contemplado muito mais da minha janela, os pássaros fazendo as suas acrobacias; tenho até rido, ouvindo a voz aguda do vento entrando pela janela do nosso banheiro. Meus momentos de tristezas que são muitos, têm também me levado a uma maior busca de Deus, tenho entendido melhor o convite de Jesus: "Vinde a Mim todos os que estais cansados e sob o pedo do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve." E o melhor de tudo, tenho comprovado como é bom crer no Grande Mestre.
ResponderExcluirCONFRADES,
ResponderExcluirEstamos aqui, basicamente, construindo reflexões sobre a vida diante deste texto instigante do Doni. Estamos buscando um sentido para a bobagem que é a vida. Li ontem que 8 irmãos iam para o enterro da mãe divididos em dois carros. Um dos carros sofreu um acidente e os 4 irmãos morreram. A vida é bem irônica muitas vezes. Iam enterrar a mãe e acabaram por também sendo enterrados.
O GIL falou dos problemas que nos mesmos nos causamos - é verdade, concordo com ele. Sofremos porque tomamos decisões erradas e cometemos equívocos. Mas sem esquecer que nossos erros e equívocos são elementos dessa nossa vida que é uma "bobagem". Quem pode se dizer sábio em todas suas decisões?
Mas o que mais nos causa impacto é exatamente esses momentos trágicos onde o acaso nos pega sem nós termos cometido erro algum e nos abate. É a mãe que empurra o carrinho com seu bebê pela calçada e vem um carro desgovernado e ceifa a vida dos dois(aconteceu aqui no Rio ano passado). Vista por esse ângulo, a vida é uma bobagem. Sem sentido algum.
É isso que causa o sofrimento nos "filósofos da realidade" - e como contestá-los?
E pela via teólogica tudo fica ainda mais turvo, pois dizemos que Deus é um ser moral, pessoal e soberano do universo. O GIL escreveu:
O que Deus precisava fazer ele fez: me deu saúde, inteligência, capacidade, criou um universo em abundância que conspira o tempo todo a meu favor. O que eu quero mais? Que Ele venha dar a comidinha em minha boca?
E aí, eu pergunto: deu mesmo? a doença, muitas delas incuráveis e degenerativas, também faz da vida uma bobagem.
Meu pai, uma pessoa muito inteligente mas muito simplista em sua fé evangélica, passa atualmente por uma dessas crises em que ele pergunta a Deus "por que".
Ele me pergunta por que Deus deixa a doença de alzaheimer ir apagando a vida da minha mãe aos poucos já há 8 anos. Ele não entende como uma "serva de Deus" como ela, que viveu para Cristo e para a igreja, pode ser acometida por tamanho sofrimento.
E o que eu digo para ele? que é da vontade de Deus que ela venha a morrer definhada numa cama totalmente fora da realidade e sem conhecer ninguém? Por incrível que pareça, é essa resposta que faz mais sentido para quem vive a partir de uma certa visão cristã do mundo.
Deus soberano. Ser moral. Pessoal - Ele está contemplando todas as coisas que faz da vida uma bobagem e as permite acontecer. Resultado: Ele é de fato, em última instância, o causador do sofrimento humano.
Não dá prá fugir dessa conclusão por mais que teólogos queiram salvar o amor de Deus pelas suas criaturas. Das duas uma: ou a concepção de Deus cristã está equivocada ou esse Deus cristão é uma criatura insensível. Ou então, é um ser que sente as dores dos homens mas realmente não pode fazer nada em questão. Não pode dar um fim ao mal. É um Deus que não é Todo-poderoso nem soberano.
As duas alternativas não satisfazem para quem vai além da fé.
Edu meu caro,
ResponderExcluirAlternativa alguma satisfaz quem vai além da fé. Cada um procura seu lenitivo para justificar o sofrimento. Os valentes suicidam.
Hoje, recebe a liberdade definitiva, um dos maiores assassinos em séries no nosso Brasil Varonil. O hediondo foi julgado e condenado a 27 anos de prisão acusado de 50 homicídios. Não se assustem se num futuro próximo ele se tornar um grande líder espiritual cristão. Padre não, mas pastor pode, e como pode!...
ResponderExcluirtá falando de quem, Mirandinha?
ExcluirEdu, você está atribuindo todas estas monstruosidades que o homem pratica, a Deus? As enfermidades que sofremos vêm dEle? As injustiças sociais são produtos de julgamento dEle?
ResponderExcluirNosso corpo não foi criado para a eternidade, e sim a nossa alma. Seja qual for a maneira que a natureza nos baixe a cortina, ela não procede de Deus, mas de Deus procede uma vida além terra. http://youtu.be/rrGS2EHIpek
ou você continua pensando assim: "Doni, não vejo sentido oculto algum em tragédias como essa que você citou. Não há sentido. O que causou a tragédia? as pedras, os assaltantes, o carro que capota e o ônibus em alta velocidade. Um encadeamento causal lógico. A religião pode de fato, dar algum sentido a isso, mas acho que nessa hora até mesmo o crente balança e pergunta a Deus "por quê"?
Mas a resposta nunca vem.
A quem sobrevive, resta dois caminhos: entregar-se à morte em vida ou rir da cara da morte e dizer: "ainda estou aqui". Essa é a vingança possível e a atitude para continuar caminhando. Com dor, mas caminhando.
É mais fácil falar do que fazer, contudo.
Pois é, Mirandinha,
ResponderExcluiros dois são os extremos: os que ficam somente na fé e não entram em questão e os valentes que se suicidam. Nós que ficamos entre os dois ficamos aqui, ponderando tudo isso.
Por outro lado, meu amigo...sempre tem um outro lado.
Por outro lado, confrades,
a vida por ser uma coisa "impossível", é mágica e misteriosa. Nosso cérebro evoluído, estético e ético, maravilha-se com as percepções que chegam aos nossos olhos e que construímos como realidade.
Construímos a ética e a estética por que a vida é sublime. A vida humana, preciosa, deve ter numa ética humanista, a valorização do que já é em si mesmo, valorosa - a própria vida.
Somos fazedores de arte porque nosso senso estético nos aflora e temos que colocar na tela, na pauta, na escrita, na escultura, esse sentimento maior que nos pulsa as entranhas psíquicas e que identificamos como "re-ligare".
Fazemos arte por que buscamos a unidade perdida; fazemos arte contra o desamparo e por uma necessidade de sobrevivência. O sentimento religioso, que cria a religião, creio, faz parte do mesmo desejo de fazer arte. Precisamos de Deus como precisamos de Dom Quixote, do Rei Lear, de Macbeth, de Romeu e Julieta, do Casmurro e de Capitu.
Precisamos deles porque precisamos transcender a nossa realidade pois fomos feitos assim, e eles, apesar de morarem no mundo da imaginação humana, reflete exatamente quem somos, e eles nos ajudam a refletir sobre a própria vida.
É pena que a teologia fez de Deus um soberano que não governa ou um todo-poderoso que tem que reprimir o próprio poder; ao fazerem isso, ao caracterizarem Deus, mataram o próprio Deus.
Deus deveria ficar num pedestal como a perfeição suprema; a estética última que nós sabemos existir apenas nas "ideias"; o elo que une humanidade e o universo e lhes dão forma e massa como uma partícula de Bóson filosófica idealista monista...
* * * * * * * * * *
viajei...
sou assim...
meio místico meio racionalista
observador da bobagem que é a vida
e do milagre que ela também é.
Nem sei se o que escrevi faz algum sentido, mas as vezes sou tomado tal médium por um espírito-escrevente que vai digitando, digitando, muitas vezes sem atentar para o que está dizendo.
Que bom que temos essa capacidade. Por isso a vida é bela.
GUIOMAR,
ResponderExcluircomo não?
tudo procede de Deus. Ele é, segundo dizem, onisciente, então, sabia que ao criar o ser humano o que resultaria disso seria violência, desespero, dor, mas também amor, amizade, arte, tecnologia.
Deus então pôs tudo na balança e achou que deveria criar essa criatura. Então, em última instância, Deus é o responsável pelos nossos atos ao nos criar, assim como um pai é responsável pelas atitudes erradas dos filhos menores de idade.
Todo o problema vem da teologia judaica-cristã clássica; é ela quem cria todos os problemas para Deus.
Não é interessante que no relato do dilúvio Deus tem uma crise de consciência e vê a burrada que fez ao criar o homem? Ele olhou para a terra é o que viu? corrupção, opressão, maldade, tecnologia usada para dominar o outro; então ele toma a decisão certa: mata todo mundo no dilúvio...
O erro dele foi salvar Noé.
Gui, outra coisa.
ResponderExcluirDeus já fez uma vida além da terra mas também deu errado. Lá, na idílica cidade celestial onde ele tem seu trono, um dos seus súditos mais chegados deu um Golpe de Estado, maculou a santidade dos seres angelicais e foi expulso com 1/3 dos anjos exatamente para onde????
Para a terra, onde Deus tinha posto sua criação mais interessante: o homem. Ele não quis o golpista no seu reino e o mandou aqui para conviver com o homem...
algumas coisas nessa história não cola. Não faz sentido.
POr isso, precisamos desesperadamente de uma nova concepção de Deus. Fora disso, é o ateísmo ou a ingenuidade religiosa.
Nenhuma dessas duas opções me atraem.
Edu,
ResponderExcluirEste tipo de reflexão fere o bom senso cristão. Diante destas ponderações poderiam até acusar-nos de depreciadores de Deus. De estamos desmerecendo sua criação, e que é ultrajante inquirir dEle respostas que foram reservadas para a eternidade. Porque divergir criando estas arestas com o dono do universo e bla-bla-bla... Não creio que Deus vê algum problema nestas indagações que invadem nosso pensamento. De querer entender as RAZÕES METAFÍSICAS escondidas atrás dos fatos. Muito pelo contrário. Até considero oportuno o seu convite: “Venham, vamos refletir juntos”. O problema é a codificação simplista proposta pela religião.
Diante de tantas coisas sem sentido que acontecem no mundo, o melhor seria aceitar com resignação e acalentar o coração com total quietude, e mergulhar nossa compreensão de existência nas águas tranquilas da lei da causalidade, como fazem os japoneses por exemplo. Mas a questão é que não somos budistas e nem orientais. Nossa dialética de vida é muito diferente da deles. Para nós a existência não é cíclica. Não concebemos a ideia de sofrimento como sendo efeito de vidas passadas e nem como um elemento purificador que permitirá usufruir de uma vida melhor no próximo renascimento.
Na teologia das religiões do livro, nossa existência é linear. Por isso essa nossa consternação com as tragédias e sofrimento. Não aceitamos a morte de uma criança. Não aceitamos a ideia de “vida bela” se esta estiver envolta em sofrimento. Sobretudo quando se trata de um justo.
E por falar em justos que sofrem:
“Há mais uma coisa sem sentido na terra: justos que recebem o que os ímpios merecem, e ímpios que recebem o que os justos merecem. Isto também, penso eu, não faz sentido.”
Eclesiastes 8:14
Será que de fato o crime não compensa?
EDU e DONI
ResponderExcluirAinda vejo que os exemplos de sofrimentos citados são extremos, casuais e que não podem ser referência para dizer que a vida não faz sentido.
Outros fazem parte naturais do processo dos seres vivos.
Vejo que sempre será uma bobagem tremenda querer entender certos mistérios de Deus, já tentei mas na idade que estou aprendi que os sofrimentos existentes bastam para querer inventar outros.
Creio que um dia grande parte destes sofrimentos não existirão, por exemplo, a morte, a doença... e que chegará o dia que os homens desejarão tê-los e não poderão e descobri rará que eles eram fundamentais para ser feliz.
Também entendo que a não interferência divina nestes casos extremos e naturais é fruto da "fraqueza" e "sabedoria" de Deus que não interfere mas nossas decisões. Uma vez interferindo nas decisões extremas por ser justo deverá também interferir nas decisões que parecem pequenas mas que causam graves erros e nestes estão todos os homens normais. Então deveria concordar que exterminando todos seria mais decente de Deus o que não é o meu caso, pois não quero que Deus extermine os que eu amo.
Por fim caros confrades alguém aqui tem a capacidade de criar um deus que seja perfeito e que de sentido a existência sem sofrer contrarreações diversas?
Eu como já disse sou um depressivo e vejo a vida como vaidade. Vejo a vida como escola para valorizar o que há de melhor por vir. Vejo que Deus está longe de ser interpretado e conhecido. Vejo sentido até na possibilidade da rebeldia de um anjo assim como um filho mimado que tudo teve não saber valorizar o que teve.
Assim como nossas indagações, DONI porque não pode questionar Deus?, elas são falhas tanto quanto a teologia se não piores pois não levam a resposta concreta de nada.
Enfim a vida é um presente que de tão boa que é os que podem vivê-la não a renega, não pela falta de coragem, mas porque sabem que é boa apesar da natureza que temos em super valorizar as desgraças. E quem a não tem no seu sentido mais pleno é por covardia daqueles que se calam, portanto problema nosso e RARAS são as exceções, algumas citadas pelos confrades.
Confrades: "Esta era a pergunta já com a sua resposta que eu iria fazer, mas o Gil fez melhor do que eu faria.
ResponderExcluirAssim como nossas indagações, DONI porque não pode questionar Deus?, elas são falhas tanto quanto a teologia se não piores pois não levam a resposta concreta de nada.
Entre os discursos teológicas, filosóficos, e as experiências vividas por mim e por tantos outros, eu continuo crendo no que se mostra real, palpável.
Edu, sabe o que acho maravilhoso em todos "os erros de Deus"? É a liberdade que ele deu aos anjos e aos homens para errarem.
ResponderExcluirSOBRE ESSE TRECHO DO COMENTÁRIO DE DONI:
ResponderExcluir“Não creio que Deus vê algum problema nestas indagações que invadem nosso pensamento. De querer entender as RAZÕES METAFÍSICAS escondidas atrás dos fatos. Muito pelo contrário. Até considero oportuno o seu convite: “Venham, vamos refletir juntos”. O problema é a codificação simplista proposta pela religião.”
Creio que o problema não está em Deus. Está no homem que imagina Deus.
Ao invés de se conceber que a “Imago Paterna do Todo- poderoso” reside dentro de sua psique, o homem sob o efeito da projeção, imagina essa potência de uma majestade real como uma força exterior a si.
Imagina-se duas potências “exteriores” distintas uma da outra, Deus e seu avesso – Satanás. Acredito que muito de nosso ceticismo advém desse maniqueísmo, sem o qual a “religião” não sobrevive.
“Deus já fez uma vida além da terra mas também deu errado. Lá, na idílica cidade celestial onde ele tem seu trono, um dos seus súditos mais chegados deu um Golpe de Estado, maculou a santidade dos seres angelicais e foi expulso com 1/3 dos anjos exatamente para onde????” (EDU)
ResponderExcluirLendo teu comentário, do qual retirei o primeiro trecho, dei boas gargalhadas em silêncio, lembrando-me do tempo de criança quando achava que essa história dos afetos humanos descrita de forma mítica no livro de Gênesis, tinha acontecido literalmente tim-tim por tim-tim.
Eita tempo bom dos Gibis e revistas de Luluzinha, Bolinha, Pimentinha, Fantasma, etc (rsrs)
GIL:
ResponderExcluiros exemplos citados são "extremos"? Ora, o que seria um sofrimento extremo? cada um de nós tem seus limites. Você diz que
Creio que um dia grande parte destes sofrimentos não existirão, por exemplo, a morte, a doença... e que chegará o dia que os homens desejarão tê-los e não poderão e descobri rará que eles eram fundamentais para ser feliz.
Não entendi bem esta sua colocação. Um dia não haverá mais sofrimento(creio eu, no tempo final, escatológico, onde Deus restaurará tudo) e os homens mesmo vivendo a plena felicidade desejarão ter dor e sofrimento para desfrutar da plena paz?
Sabe, de fato, isso faz sentido. Num estado de perfeição plena de vida sem dor e sofrimento não se pode valorizar o que se tem. Mas aí, toda a questão escatológica entra outra vez em pane.
Outra frase sua significativa foi:
Por fim caros confrades alguém aqui tem a capacidade de criar um deus que seja perfeito e que de sentido a existência sem sofrer contrarreações diversas?
Talvez seja então o caso de deixarmos de "criar deuses"?
GIL E GUI:
ResponderExcluiruma das defesas que fazemos de Deus para ele não ser responsável pelo sofrimento humano é que ele deu liberdade para o ser humano sofrer.
Deus criou os humanos com toda possibilidade para sofrerem dores, sofrimentos, desilusões durante sua curta vida terrestre, fruto do seu "livre-arbítrio" para num futuro escatológico resolver tudo com a salvação dos escolhidos e com a condenação dos outros infelizes que não souberam usar bem o seu livre-arbítrio para seguir seus mandamentos.
Mas uma grande questão teológica se impõe:
Nesse futuro escatológico restaurado os seres ainda terão livre-arbítrio?
Se SIM, sempre haverá a possibilidade de novas quedas, como se crê que houve com o "Estrela-da-Manhã"(Lúcifer), e o mal sempre existirá como potencialidade nesse novo tempo "restaurado" por Deus.
Se NÃO, eu perguntaria então pra quê Deus deu livre arbítrio para os humanos para depois no mundo renovado lhes tirar esse livre-arbítrio. Será o reconhecimento que ele errou ao deixar o homem "livre".
O que vocês pensam sobre isso?
Ou não pensam e jogam tudo para debaixo do tapete do "mistério"?
O Levi resumiu tudo:
ResponderExcluirCreio que o problema não está em Deus. Está no homem que imagina Deus.
GIL, eu concordo que são os opostos que nos faz valorizar a vida. Como diz o poeta bíblico,
"O choro pode durar uma noite
Mas a alegria vem pela manhã"
Às vezes não vem, mas é essa expectativa da passagem da tempestade que nos faz continuar.
É esse renovar-se depois da tempestade que nos faz ser fortes. Mas também são elas que nos avisam que sempre teremos sua companhia.
E como dizia outra poeta da nossa música
"É preciso saber viver".
É possível ser feliz?
Com tudo que já discutimos, atrevo-me a dizer que sim. Mas temos que redefinir o que significa a felicidade.
Apesar de tudo.
Edu meu caro,
ResponderExcluirFalei do facínora "Cabo Bruno" que recebeu seu indulto ontem e saiu do presídio com uma bíblia debaixo do braço e dentro de um automóvel Gol com as inscrições "Presente de Deus".
É mole ou quer mais?
Levi,
ResponderExcluirinteressante sua colocação sobre a projeção da força exterior.
Prezados confrades. Agradeço pela participação de todos. Seus comentários são fantásticos.
Edu, estou plenamente satisfeito com o que rolou por aqui.
Para encerrar minha participação, vou colocar uma fala do poeta polonês Czeslaw Milosz que diz:
"Quando eu morrer, verei o avesso do mundo, o outro lado, além do pássaro, da montanha e do poente. O significado verdadeiro, pronto para ser decodificado. O que nunca fez sentido fará sentido. O que era incompreensível será compreendido. Não é exatamente essa esperança que normalmente não conseguimos expressar? Olhamos para o mundo e queremos enxergar o avesso do mundo, o significado que está por traz das coisas: Quando eu for para o céu, meus olhos serão desvendados e verei tudo como realmente é. Então serei feliz. Mas e se o mundo não tiver avesso?
Abração a todos.
EDU
ResponderExcluirQuanto ao questionamento:
Creio que um dia grande parte destes sofrimentos não existirão, por exemplo, a morte, a doença... e que chegará o dia que os homens desejarão tê-los e não poderão e descobri rará que eles eram fundamentais para ser feliz.
Não entendi bem esta sua colocação. Um dia não haverá mais sofrimento(creio eu, no tempo final, escatológico, onde Deus restaurará tudo) e os homens mesmo vivendo a plena felicidade desejarão ter dor e sofrimento para desfrutar da plena paz?
Me refiro aqui nesta vida terrestre creio que a ciência irá descobrir o "elixir da longa vida" ou "elixir da imortalidade" é uma questão de tempo apenas na minha opinião onde não haverá mais a doença, a dor e a morte.
Outra questão:
Por fim caros confrades alguém aqui tem a capacidade de criar um deus que seja perfeito e que de sentido a existência sem sofrer contrarreações diversas?
Talvez seja então o caso de deixarmos de "criar deuses"?
Sim! e Não! SIM porque toda vez que concebemos uma ideia de "deus" será sempre contraditória e NÃO porque de certa forma acreditando ou desacreditando o ser humano está à procura dele e precisa relacionar-se com este "SER" superior.
Outra frase:
uma das defesas que fazemos de Deus para ele não ser responsável pelo sofrimento humano é que ele deu liberdade para o ser humano sofrer.
Deus deu liberdade ao ser humano para fazer escolhas! Então concordo com você quando diz que precisamos redefinir a felicidade! Seria ela a ausência do sofrimento e da dor ou sujeita também a ambos? E se sim é certo então dizer que foi vontade de Deus? Apesar de parecer um imbecilidade esta frase ela pode ter seu sentido se partirmos da ideia que a luz é entendida a partir das trevas.
Outra questão:
Mas uma grande questão teológica se impõe:
Nesse futuro escatológico restaurado os seres ainda terão livre-arbítrio?
Não sei rsrsrs penso que sim! Portanto concordo com você se for sim! Como disse lá em cima na probabilidade de aceitar a ideia ( não que creio) do anjo rebelde.
Veja DONI e EDU e demais confrades muita coisa que a teologia moderna contesta como rídculos certas frases populares e extremamente religiosas eu acho que com um bom argumento você pode dar razão as mesmas. Por isso que eu digo que assim como nossas argumentações (eu concordo com o DONI que não é pecado questionar o contrário sim rsrsrs um pecado contra a inteligência) são cheias de falhas e se analisarmos tão simplistas e inocentes quanto a fé popular, a diferença é que as palavras são bonitas e bem trabalhadas.
EDU outra questão
ResponderExcluirGIL:
os exemplos citados são "extremos"? Ora, o que seria um sofrimento extremo? cada um de nós tem seus limites.
Você está certíssimo! Não dá para definir dor maior e menor! Mas EDU com um BOM senso você sabe o que é una fatalidade e o que é a causa de um curso natural da vida.
Meus pais envelheceram sofreram com bons religiosos que foram aquilo me escandalizou, mas porque teria que ser diferente pra eles?
O DONI citou esta frase:
E por falar em justos que sofrem:
“Há mais uma coisa sem sentido na terra: justos que recebem o que os ímpios merecem, e ímpios que recebem o que os justos merecem. Isto também, penso eu, não faz sentido.”
Eclesiastes 8:14
Será que de fato o crime não compensa?
Quem é JUsto? Tem alguém aqui na confraria que é justo? Eu não sou! E quem cometeu o crime teve uma educação e condições tão boas quanto eu na vida?
Na minha educação e formação o crime não compensa! Aprendi isso com o amor dos meus pais e com uma vida privilegiada em comparação a muitos que estão na vida do crime.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO crime "compensa", a quem simplesmente não comete por medo de que haja punição.
ResponderExcluir"uma das defesas que fazemos de Deus para ele não ser responsável pelo sofrimento humano é que ele deu liberdade para o ser humano sofrer." Edu
ResponderExcluirEu não penso que o homem precisava de liberdade para sofrer. Entendo que sofremos a consequência dos nossos erros, diretamente ou indiretamente. Gui.
"Deus criou os humanos com toda possibilidade para sofrerem dores, sofrimentos, desilusões durante sua curta vida terrestre, fruto do seu "livre-arbítrio" para num futuro escatológico resolver tudo com a salvação dos escolhidos e com a condenação dos outros infelizes que não souberam usar bem o seu livre-arbítrio para seguir seus mandamentos." Edu.
...precisam estudar pelo menos um pouco de física quântica, a fim de diminuírem as besteiras que falam sobre esse “Deus condicionado ao tempo-espaço”; e que anda como anda o homem; e que entende como entende o homem; e que é limitado em atos e significados de soberania e poder como o é o homem; e que é tão estranho nos seus caprichos, venetas e decisões de salvação e perdição assim como o homem é, e que nada mais é como “Deus” que um contador universal (na melhor hipótese), ou (numa perspectiva pior), “ele” é pior que o próprio diabo. Caio Fábio.
Concordo com o Caio, Deus É, eu sou criação. Não enxergo mais que o que está diante dos meus olhos ou sinto na minha carne, como poço medir as ações de Deus e principalmente adivinhar o que está por vir? Não é questão de jogar para baixo do tapete do mistério e sim, reconhecer a minha limitação de conhecimento do que é transcendente.
O mau que nos sucede tem a ver com a dinâmica da vida da qual faz parte, a morte apesar de terrível faz parte dessa dinâmica. Afinal, se ninguém morrer, como nascerão os outros? Se os primeiros não tivessem ido, como estaríamos aqui? São dos problemas que nascem as soluções, das fraquezas as superações e não há mau que não tenha um pouco de bem. Ao meu ver, confiar em Deus é saber que passaremos por isso, teremos fé e falta dela, seremos bons e maus pois essa é a dinâmica do nosso mundo.
ResponderExcluirO EDU me perguntou no final de uma postagem o motivo de Deus criar seres maus para irem sofrendo para evoluir. Sinceramente nunca me preocupou o que Deus pensou no início, mas me interessa o fim que dará a todos nós. Escolho a visão espírita por que sei que o sofrimento existe e prefiro acreditar que alguém sofra para se aperfeiçoar do que crer que sofremos por que estamos encurralados em uma situação em que Adão pecou e herdamos dele essa porcaria toda.rsrs... Um abração!!!
"Nesse futuro escatológico restaurado os seres ainda terão livre-arbítrio?
ResponderExcluirSe SIM, sempre haverá a possibilidade de novas quedas, como se crê que houve com o "Estrela-da-Manhã"(Lúcifer), e o mal sempre existirá como potencialidade nesse novo tempo "restaurado" por Deus.
Se NÃO, eu perguntaria então pra quê Deus deu livre arbítrio para os humanos para depois no mundo renovado lhes tirar esse livre-arbítrio. Será o reconhecimento que ele errou ao deixar o homem "livre". Edu."
Será que depois de tudo que vivemos nesta vida, teremos a insensatez de repetir todos os nossos erros?
A nossa limitação não pode imaginar um mundo feliz, sem transgressões. Parece que o homem só compreende uma felicidade mesclada por muita dor.
Existe, no entanto, aqueles que contemplando a natureza em sua exuberância e sua diversificação, pode acreditar que o criador, tem infinitamente mais para nos surpreender.
"Ó profundidade das riquezas, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos!
Quem, com efeito, conheceu o pensamento do Senhor?
Ou quem se tornou seu conselheiro?"
Tô postando. Posso?...Hoje? Quero arrebentar a boca do "balaão". He he he... No mesmo estilo da postagem anterior.
ResponderExcluirVou tomar meu banho, sorver uma taça do meu australiano {Yellow Tail} shiraz, esperar a internet funcionar a contento e tasco o texto.
ResponderExcluirGIL,
ResponderExcluircom toda certeza, a ciência fará o homem do futuro viver pelo menos até os 120 anos e bem. Já a imortalidade continuará sendo uma aspiração impossível. A não ser que um dia inventarem uma maneira de preservar a consciência fora do cérebro.
O conceito de "justiça" para o AT é bem diferente da "justiça" cristã do NT. Neste, não "há um justo sequer", mas naquele, Deus chama Jó de "homem justo".
Justo no AT era quem observava os preceitos da Torá. quando errava-se em algum mandamento, o sacrifício restaurava a justiça.
Se no futuro escatológico nós continuarmos com livre-arbítrio, a possibilidade de alguém seguir seu próprio rumo é grande. Ou seja, a história teológica poderá continuar com muitas quedas e muitas redenções - ideia meio estranha para a maioria dos pensadores cristãos.
Então, creio que a contradição está posta.
A GUI perguntou:
"Será que depois de tudo que vivemos nesta vida, teremos a insensatez de repetir todos os nossos erros?"
Alguém tem dúvida? Se os anjos caíram de um mundo perfeito, porque isso não aconteceria outra vez?
E tem outra questão: diz Paulo que seremos transformados mas não aprofunda muito essa questão. O que significaria de fato, tal transformação?
Isso dá pano para várias suposições. Por exemplo, questiona-se: no céu nós não nos lembraremos de nada do que nós fomos e nem nos lembraremos dos nossos amigos e familiares que foram para o inferno.
Nessa visão, os salvos terão suas lembranças apagadas. E quais lembranças então construirão a partir de então? sua morada no céu (com todas as atividades sabe lá quais se terá no céu). Na prática, seremos uma folha em branco, prontinha para termos só lembranças puras do que vivenciarmos no céu.
Mas onde estará o livre-arbítrio aí?
Se houver livre-arbítrio em mentes apagadas, a possibilidade de erros continua.
Por outro lado há os que digam que lembraremos de tudo o que fomos, o que passamos. Logicamente, pergunta-se: Como ficará aquela pessoa cuja filho que ele tanto amou foi para o inferno? poderá ela viver feliz e em paz no céu enquanto o filho está no inferno?
Dá pra levar isso a serio?
Todas essas questões são debatidas em rodas teológicas escatológicas e nenhuma faz sentido algum.
GUI, o trecho que você postou do Caio é muito interessante, só tem um problema: Esse "deus" que ele apresenta não é o deus bíblico.
ResponderExcluiro deus condicionado ao espaço e ao tempo é o deus bíblico. afinal, é ele quem dirige a história, é ele que entra no tempo para caminhar ao lado do seu povo, é ele que em Jesus, aprisiona-se ao tempo e à morte.
Concordo com o Caio, pois esse deus bíblico é o que os autores bíblicos pensaram que ele fosse, e isso fazendo, fizeram-no menor, com defeitos e paradoxos humanos.
mas o Caio já não considera a bíblia como inerrante há tempos, por isso, o deus que ele pensa, não é o deus bíblico. E nisso, concordo com ele. O que eu fiz foi pensar a partir das categorias teológicas ortodoxas, para exatamente, contestá-las.
GIL, você vai me perdoar, mas nossas argumentações com certeza são falhas, mas passam bem longe da fé popular. Pelo menos as minhas eu sei que passam. Mas com certeza, também falhas.
ResponderExcluirEDU você está certo não é o sentido da frase em si, mas a forma que popularmente colocamos estas frases de forma tão impropriada que mais atrapalham do que ajudam.
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