Os judeus e as mitsvót ou A pergunta do Czar




Parte do Muro das Lamentações(ruína do Templo judaico)



Existe uma história contada a respeito de um rabino que viajou a São Petersburgo nos idos do czarismo para fazer uma petição ao governo para que anulasse um decreto anti-semita que acabara de ser emitido. Quando ele fez sua solicitação ao primeiro-ministro, este retrucou, um tanto aborrecido: "Você pede nosso favor e misericórdia, contudo, todas as manhãs você diz uma oração louvando o Eterno por não havê-lo tornado gentio! Você zomba de nós e nos ridiculariza e agora quer nossa bondade"!



O rabino insistiu em que tratava-se de um mal-entendido: "Realmente fazemos esta declaração na oração matutina, mas não se trata de escárnio nem desprezo". "Não é certo que o judeu também agradece ao Todo-Poderoso por não havê-lo feito mulher"? - continuou o rabino. "Certamente não estamos ridicularizando nossas esposas e filhas. É que as mulheres e os gentios são eximidos de certas mitsvót, certos deveres e tarefas que acreditamos terem sido impostas a nós pelo Todo-Poderoso. Nós judeus somos um tanto estranhos neste sentido: agradecemos ao Todo-Poderoso porque, sendo do sexo masculino e judeus, temos a obrigação e a oportunidade de cumprir todas as Suas tarefas e mandamentos, Suas mitsvót"







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Fonte: A Ética do Sinai, Ed Sêfer



Comentários

  1. Bem, caros confrades, depois do excelente debate que tivemos com o não menos excelente texto do convidado do Rodrigo, o Ivani, resolvi postar algo bem leve(mas que não dispensa boas reflexões).

    Quantas vezes eu já vi ou li alguém dizer(eu mesmo já disse...) que os judeus oram agradecendo a Deus por não terem nascido gentio nem mulher em tom de crítica e julgamento!?

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    1. Entre o rabino e o primeiro ministro há um mal entendido .

      Uma coisa, Edu, este teu pequeno grande texto trouxe: a de despertar e abrir os nossos olhos para enxergar o discurso do OUTRO, refletir sobre o mesmo, para poder, finalmente, entender que as formas divergentes de PENSAR não são um entrave, e sim a causa promotora dos processos interativos. O mal entendido, às vezes, queremos reativamente rotular como fracasso nas conversações, quando na realidade não é.

      “Enganoso é o coração do homem” (rsrs)

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    2. É verdade, Levi, tenho aprendido isso ao longo dos meus muitos debates pela blogosfera...

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  2. Nobre Herege Mor, boa a explicação do rabino mas ainda não me convence!

    Apesar de eu admirar a cultura judaica (parece até contraditório), na prática o que vemos é um envaidecimento desse povo provocado pela "síndrome do último biscoito do pacote".

    Falo como quem já teve a oportunidade de interagir com alguns deles (é óbvio que com judeus tabajaras made in brasil).

    Será que minhas impressões seriam as mesmas se tivesse a oportunidade de interagir com os originais?!

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    1. Kilim,

      nós, brasileiros, nos orgulhamos do nosso futebol(hoje nem tanto...), da nossa música, da nossa natureza, da nossa mistura...creio que cada povo deve ter alguma coisa por que se orgulhar. Os judeus têm muito do que se orgulharem como povo e o maior dos orgulhos, creio eu, é ainda existirem.

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    2. Nobre Herege, o problema é quando esse orgulho vira instrumento de segregação do outro como é nítido na cultura judaica.

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  3. Ahhh!!! Me lembrei!!! Tem um pastor amigo meu que é fã da cultura judaica e devora os livros da Editora Sêfer que não fica muito longe de onde moramos.

    O cara até já está meio desconfiado que tem descendência judia, PODE?!

    Quando prega na Igreja, o faz com "fantasia de judeu" (kipá, Tallith e outros adereços à rigor).

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    1. Eu tenho uma forte admiração pelo povo judeu, pela religião judaica e pela história judaica. Afinal de contas, Jesus era judeu(se é que ele não foi uma invenção grega, conforme a tese do Ivanir). Mas esse negócio de igrejas cristãs se tornarem sinagogas é um contrasenso.

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  4. Edu,

    É difícil não ver alto o teor de preconceito que o judeu e praticamente todas as religiões do livro tem em relação as mulheres. O próprio cristianismo só tem conseguido meio que a contas gotas a eliminação desse retrógrado pensamento. Pelo menos na minha leitura bíblica, tanto Jesus como o apóstolo Paulo trabalharam, ainda que de forma latente no sentido de resgatar a dignidade da mulher, que era absurdamente oprimida naqueles dias.

    Alguns estudiosos sugerem que entre a criação e o período patriarcal houve um período matriarcal, onde as mulheres ditavam as regras na sociedade. Fato que o antigo testamento não contesta, pelo contrário, deixa brechas para que tal argumentação tenha força.

    Já nos dias de Jesus, alguns livros que relatam a vida diárias daquela sociedade, relatam os absurdos nos quais as mulheres eram submetidas. Mais nem sempre foi assim na história antiga de Israel. Com certeza a influência grega foi determinante nesta mudança cultural.

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  5. Outrossim:

    Segundo a lei judaica, a mulher não era uma pessoa mas uma coisa: ela estava inteiramente à disposição de seu pai ou marido. E estava proibida de aprender a lei; instruir na lei uma mulher era como lançar pérolas aos porcos. As mulheres não participavam do serviço na sinagoga; ficavam isoladas numa seção ou galeria, onde não pudessem ser vistas... Mulheres, escravos e crianças tinham a mesma classificação.

    Portanto, quando o judeu fazia sua oração matinal, era por ter se livrado desta situação degradante que ele agradecia!

    Achei descabida a defesa do Rabino.

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  6. Tenho aprendido a ler certas situações históricas a partir da sua própria época e cultura. Não me admira que as mulheres nos tempos bíblicos fossem "objetos"(mesmo assim com muitas exceções); o que me admira muito é elas continuarem hoje sendo objetos(muitas por vontade própria) em pleno século 21...

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  7. Edu, o ser humano sempre encontrará razões para se sentir melhor que o outro e menosprezar o diferente. Chegamos na terra com um chip para esse tipo de maldade. Falo isso por que lido com crianças e já elas são cruéis e fazem acepções descaradas rs... e se isso não é podado com o tempo se tornam adultos capazes de cometer insultos contra o diferente.
    Há muitos anos atras tive uma aluna com uma estranha doença genética em que a pele dela era áspera com uma aparência de pele de elefante, as solas dos pés e das mãos tinham uma aparência horrível e somente o rostinho era livre e para piorar a pele exalava um cheiro muito forte, especialmente em dias frios.
    A menina foi introduzida em minha sala, após avaliações do curso e apesar de sua aparência as crianças não manifestaram nenhum espanto, exceto uma das alunas.
    Depois de umas semanas fomos procurados por uma das mães. A filha se queixara em casa da aparência da amiguinha e especialmente do cheiro e a mãe exigiu a troca, uma pela outra. A filha se recusava a ficar na sala com a colega doente. Veja que apesar de nossa insistência e comprovação de que a doença não era contagiosa, que se tratava de um inconveniente que poderíamos superar pela necessidade, a mãe da menina trancou a matricula. Acredito que a ela perdeu uma excelente oportunidade de dar uma boa lição a sua filha.
    Uma Família que admite que uma criança seja impiedosa com uma outra enferma, gera um adulto capaz de qualquer coisa. Nem sempre o motivo é religioso, pode ser por questões estéticas, de raça, interesses bobos.
    Acho que ainda não encontramos com o sentido de empatia bem no fundo da alma.



    Gostei do tema leve! Abração! Fica com Deus.

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    1. Muito interessante seu relato, Mari. Preconceito e intolerância se aprende em casa.

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  8. Levi,

    fique a vontade para postar outro texto, acho que o descanso já deu...rss

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