O Gezuiz dos Evangélicos e o Jesus dos Evangelhos



O “populesco evangeliquês”, tem uma facilidade imensa de estereotipar num pacote pronto e fechado, suas concepções idealizadas acerca da identidade e personalidade de Jesus de Nazaré.

É por esta razão, que existem “zilhões” de expressões comunitárias de cultos e serviço ao “divino”, com configurações que são tão antagônicas entre si, quanto o “ocidente dista do oriente”.

Toda essa parafernália hibrida do imaginário religioso, torna-se um grande empecilho para muitos daqueles que ainda não se familiarizaram com a mensagem da cruz manifestada na pessoa do Filho de Deus.

Essa imagem idealizada do Nazareno, impede que as pessoas agasalhem com naturalidade e bom grado a proposta das boas novas no coração, por conta dos excessos de zelo, legalismo e radicalidade fundamentalista.

A falsa idéia de “preservação da identidade e da tradição”, tem sua fundamentação numa espiritualidade que é divorciada de humanidade e que é gerada na mentalidade rígida dos “guardiões da ortodoxia”, que conceberam um Cristo alienado a inerente fragilidade, falibilidade e sensibilidade do ser humano, embora no seu discurso propalem o contrário.

Essa elaboração cristianizada pré-condicionada, produz discípulos da esquizofrenia, divulgando uma imagem intragável do evangelho, instalando assim sentimentos de aversão na percepção daqueles que estão “de fora dos portões”.

Sei que não é seguro generalizar, mas o que escrevo é uma constatação pessoal da maior parte do contexto religioso onde estou inserido e, por isso, é que me restrinjo a comentar exclusivamente sobre esse movimento em particular.

Quando fazemos uma leitura dos Evangelhos com as lentes da “descomplexidade”, desenvolvendo o exercício simples de imaginar como Jesus se movia na vida e no caminho daqueles que estavam em contato com Ele, obrigatoriamente chega-se à conclusão de que: O Gezuiz dos Evangélicos é um, e o Jesus dos Evangelhos é outro.

O Gezuiz dos Evangélicos, é um ser alienado e anti-social que prima pela vida monástica do deserto da consagração pessoal, segregado do convívio com gente, para se apresentar nas ambiências religiosas com ares de “Super- Mashiach”, não tendo assim de se contaminar com o mundo perdendo o status de “espiritual”. Ele só tem permissão de trafegar na santidade das catedrais, nas liturgias mórbidas dos templos “consagrados ao Senhor”, nas convenções denominacionais, nos retiros espirituais, nas escolas bíblicas dominicais. Ele presenteia com passaporte para o tormento eterno, aqueles que não se enquadram nos seus “elevados padrões morais”. Esse Gezuis que é uma caricatura da jactância do “clube dos iluminados e diferenciados”, rotula como filho das trevas todos aqueles que não pertencem a “confraria congênita protestante”. Ele não tolera ser contrariado, e exige uma estética impecável com relação a “indumentária e aparência pessoal dos santos”. Esse Gezuis, concede poderes especiais e faz conluios de hierarquia com o clero, para cercear a liberdade dos leigos que precisam de um treinamento especial para serem porta-vozes dos oráculos divinos.

O Jesus dos Evangelhos, é o Deus que se envolve e se move na alegria em que experimenta sua criatura se fazendo festivo, celebrando e “curtindo” a vida. É o Deus que gosta de “dança” e “churrascada” pra comemorar a conversão “dos Mateus”, que salva uma festa de casamento, pois afinal de contas ele também gosta de diversão e de um bom vinho, que aceita prontamente o convite para uma reunião de descontração e bate-papo na casa do amigo Lázaro, que se mistura com o povão, pois eles são a Sua motivação. Ele faz a inclusão dos excluídos, e proporciona cura e perdão para os inadequados pela religião. Ele não faz da fraqueza alheia um bichinho de estimação, que é alimentado sarcasticamente todas as vezes que se quebra os “votos de castidade institucional”. A todos Ele dá liberalmente e uni-lateralmente da Sua Graça, não admitindo moeda de troca ou pagamento de indulgência com exercícios espirituais, padronizações morais e compensações monetárias. Na sua perspectiva, está fora de cogitação toda manipulação mistificada da fé para atrair sua atenção, nem “salzinho”, nem “rosinha”, nem “óleozinho”, tem o poder de impressioná-lo ao nosso favor, somente Sua disposição em nos encontrar é que O satisfaz plenamente. O Jesus dos Evangelhos não é seletivo, Ele é abrangente na Sua misericórdia e proposta de eternidade, e foi por isso que se manifestou ao mundo: para desfazer as obras do diabo e dos crentes também!

Comentários

  1. Parabéns Franklin, ninguém pode dizer que não conhece Jesus porque Ele não se revela. Você trocou em miúdo o Jesus dos Evangelhos. Se você teve esta bela e real revelação de quem é o verdadeiro Cristo, todos nós podemos ter.

    Beijo amigo.

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    1. Pois é Guiomar, creio que Jesus era uma pessoa totalmente acessível ao contrário de tantas estrelas gospel que temos hoje!

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  2. Franklin


    Uma caricatura bem humorada do "Nosso Jesus" e o "Jesus dos Outros" - ou, em outras palavras: O Jesus que nós adoramos , e o Jesus que os outros idolatram (rsrs)

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  3. Frank, Q Jesus bonitão, hein!! Esse aí não é o dos evangélicos e nem dos evangelhos presumo. rsrs...
    Pensei bem como o Levi: Minha forma de ver Jesus se parece com a sua o que faz dele Jesus, mas se fosse diferente, o meu seria Gezuis para vc e o seu Gezuis para mim.
    O Gezuis dos outros pode até ser equivocado, mas pode ser tb o único concebível para aquela pessoa.
    Feliz aquele que encontrou o Jesus gracioso e perdoador, triste dos que são perseguidos por sua figura fantasmagórica, mas enfim, todos dignos do amor, do Jesus que vive reina o qual conhecemos em parte!!

    Abração Mega para ti, Best!! Fica com Deus.

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    1. Então best HEREJA, o bonitão fica por sua conta e risco, eu quero ver a opinião do Gonzagão carioca! rsrsrs

      Esse GEZUIS da imagem é um METROSEXUAL!!! O GEZUIS das tietes gospel!!! rsrsrs

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    2. O Gonzagão carioca não é cego nem nada e nem bobo tb! rsrs... Certamente vai dizer que não é bonito não, mas põe a foto da Ana Paula Arósio pra ver se ele não tem opinião! rs...
      Valeu,Best!!

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  4. Excelente texto Franklin. Parabéns!

    Eu também não nutro nenhuma simpatia pelo Gezuiz dos evangélicos. Prefiro crer no Jesus que se envolve profundamente conosco, sem restrição alguma. desse Jesus que não me amará mais a despeito de tudo o que eu fizer, como não me amará menos diante do que eu deixar de fazer e vice e versa!

    Agora, qual sentimento é evidenciado nesse Jesus diante das tragédias humanas? Diante das catástrofes naturais que assolam determinadas áreas do planeta? bem como diante das pessoas que vivem infinitamente abaixo da linha da miséria, vivendo o pior drama da nossa existência, que é a terrível fome? Vendo crianças mutiladas em função das guerras que por sua vez foram motivadas pelo pior que existe na natureza do homem?

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    1. Doni, como teu tempo já expirou(do seu texto, digo..rsss) vou te responder tua última colocação para mim lá no teu blog, ok?

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    2. Doni, leia, por favor, o comentário que fiz no Rodrigão. Lembremos também, corroborando com o Rodrigão que, Jesus dirá: "Tive fome, me destes de comer, sede me destes e beber, fui estrangeiro, me hospedastes, estava enfermo fostes me ver, na prisão me visitastes.

      Ao doutor da lei, após contar-lhe a parábola do samaritano, Ele disse: vai tu, e faze o mesmo.

      Se fizéssemos o que Jesus mandou, com certeza o mundo estaria em outra situação. Tem muita gente fazendo, mas em proporção as necessidades, são gotas d'água.
      Jesus quer evidenciar através de mim e de você os seus sentimentos de amor e misericórdia.

      Beijo.

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    3. Doni, eu também creio no Jesus que não se deixa manipular por moeda de troca nem mesmo por mérito. Esse Jesus é sensível ao sofrimento humano não significando necessariamente que ele seja "INTERVENCIONISTA"!

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  5. Olá, Franklin,

    Compreendi o espírito do seu texto.

    Muito bom! Não vou nem entrar em discussao sobre detalhes teológicos e coisas que não fazem parte do foco.

    Eu creio que a ideia do Cristo relaciona-se intimamente com esta acessibilidade e também com a manifestação do amor.

    Acredito que, quando falamos no amor, é nisto que precisamos aprofundar e crescer.

    O mundo religioso com suas inúmeras controvérsias teológicas e por que não dizer partidárias.

    Faz quase dois anos, eu estava a discutir com um pastor sobre nossas diferenças. Então, quando entramos na questão do amor, ficamos desarmados porque percebemos que toda a nossa teologização estava ficando sem sentido.

    Mano, se houvesse mais amor no nosso segmento evangélico ou cristão, revolucionaríamos o mundo. Afinal, não há linguagem ou evangelho mais forte do que a prática do amor.

    Paz!

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  6. Enfim, os (in)vangélicos e o mundo só conhecerão o Messias ou mesmo a manifestação divina encarnada, quando permitirmos que Cristo viva em nós. E aí certamente que precisaremos crucificar todos os dias o nosso ego...

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    1. Grande Rodrigão, concordo com você, nós debitamos na conta de Jesus as nossas dívidas para com o próximo. Jesus deixou as suas pegadas para que andássemos nelas, mas nós escolhemos transformá-las nas nossas caminhadas para a modelação da nossa consciência, segundo as nossas conveniências.

      Pai, que eles sejam UM. A falta de unidade no servir e de senso comum a favor de justiça social, tem acarretado a miséria no mundo humano e em todo o universo.

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    2. Rodrigão, essa semana ouvi uma frase absurda: PERDE-SE O PASTOR, OBREIRO OU MEMBRO, MAS NÃO SE PERDE O NOME DA IGREJA!

      Esse é o Gezuis de muitos que preferem manter o status e a fidelidade ao estatuto da denominação em detrimento do sofrimento humano, ainda que haja razões "plausíveis" para isso!

      Desse Gezuis legalista que prioriza coisa ao invés de gente, EU TÔ FORA!!!

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  7. Kilim, tu nem parece pagodeiro, pois escreve muito bem. É, tô dizendo que pagodeiro que se prese não sabe escrever....kkkkkkkk

    Certa vez Jesus teria dito aos fariseus que eles impunham uma carga tão grande aos ombros do povo que eles mesmos não conseguiriam carregar.

    E logo diz que "a minha carga é leve, meu fardo suave".

    Infelizmente, esse Jesus que você retrata é também uma construção a partir da sua leitura dos Evangelhos tanto quando o é o Jesus austero dos evangélicos e católicos que emerge dos mesmos Evangelhos....

    Mas dá prá fugir disso? Ora, um cristão sambista bebedor de boa cerveja e que curte sol e praia jamais veria em Jesus um cara turrão, fechado, moralista e anti-social.

    Mas se fizermos uma leitura mais ou menos imparcial do Jesus que emerge dos Evangelhos, sem nos apegarmos à cristologia cristã ortodoxa(ou qualquer outra cristologia), posso crer que o teu Jesus é bem mais real do que por exemplo, o Jesus do Papa Bento ou do Papa Macedo.

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  8. US CAMBAU NOBRE HEREGE!!! rsrsrs

    Tem pagodeiro inteligente e com sensibilidade no escrever: O SOMBRINHA e o JORGE ARAGÃO são bons exemplos.

    O Jesus que eu discerni, tomaria uma cerva gelada e participaria batucando em uma boa roda de samba na praia!!! HEHEHE...

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    1. KILIM,

      não chama o Jorge de pagodeiro não, meu chapa; pagodeiro é uma coisa, sambista de raiz é outra!!! o Sombrinha ainda não tive a oportunidade de conhecer. heeeeee

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    2. Um sambinha sem churrasco pois talvez Jesus seria até vegetariano...

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  9. Usei o exemplo porque vc me generalizou como pagodeiro Nobre Herege, mas espicificando, gosto muito mais de samba raiz/partido alto do que de pagode. Desses novos, os únicos que tenho um pouco de saco pra ouvir é o Revelação, E OLHA LÁ! Gosto mesmo do pessoal da antiga, de Zeca pra trás. O Sombrinha é da baixada santista (São Vicente) e foi um dos fundadores do Fundo de Quintal. Sou eclético quanto ao gênero musical, gosto de tudo um pouco, mas tenho uma forte tendência para com a black music em suas variadas expressões. FALOU CARA?!rsrsrs

    Nobre Doutor Relacional, seria talvez um churrasquinho de alface com pasta de alho?! Sei que pelo menos umas breja ele não iria resistir! rsrsrs

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  10. Super curti essa troca de vcs

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